Por que os personagens da Disney raramente têm mãe?

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Como observado na icônica cena com as princesas em WiFi Ralph: Quebrando a Internet (2018), a maioria dos personagens da Disney não têm mãe. Desde o início do estúdio, com Branca de Neve e os Sete Anões, passando por mortes violentas e tristes em Bambi e O Cão e a Raposa, até o recente Raya e o Último Dragão, muitos protagonistas são órfãos de uma figura materna. Mas por que isso é tão recorrente?

Muitos dos primeiros filmes de animação foram construídos a partir de contos de fadas clássicos que já eram conhecidos por descartar as mães biológicas desde o início. Por exemplo, a versão original de Cinderela dos Irmãos Grimm contava como a mãe da personagem-título faleceu logo no início da história. Na versão original de Rapunzel, a protagonista foi separada de seus pais já no nascimento.

Isso se tornou um hábito porque é uma tática óbvia e certeira de fazer o personagem ser, de certa forma, o oprimido, algo que imediatamente captura a compaixão da audiência. 

Além disso, no século XVI, pessoas que não tinham mãe era algo relativamente comum em comparação aos dias de hoje, já que a taxa de mortalidade era maior nos anos anteriores. 

Por que essa tendência continua nos lançamentos atuais?

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Embora o início dessa prática para o estúdio tenha vindo dos materiais originais nos quais muitas das animações se inspiraram, ela continua sendo percebida até hoje. Obras mais recentes como O Galinho Chicken Little (2005), Lilo & Stitch (2002) e Procurando Nemo (2003) continuam trazendo como elemento recorrente protagonistas sem mãe, com todos os exemplos criando um novo relacionamento complexo com a figura parental que está presente no lugar e servindo como uma forma de enfatizar ainda mais a sua ausência.

Por outro lado, alguns lançamentos dos últimos anos têm apresentado o problema contrário, em que a mãe não só está presente como representa um dos conflitos que o protagonista enfrenta. Isso pode ser visto em Red: Crescer é uma Fera (2022), Valente (2012), de certa forma em Encanto (2021), cujos problemas familiares giram em torno da matriarca da família, e Desencantada (2022), que traz uma tensão entre madrasta e enteada, destaca seus esforços em se entenderem. 

No final das contas, embora a Disney faça piadas sobre seus próprios clichês, seus estúdios muitas vezes retornam à fórmula e recorrem ao estereótipo do(a) protagonista sem mãe. Por isso, essa tendência certamente ainda será vista no futuro.

Todos os filmes citados neste artigo estão no Disney+.

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Ana Gambale

Estudante de Cinema e Audiovisual, fã de Disney e Pixar, cultura pop e internet, viciada em k-pop e eterna amante de séries.

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