Durante boa parte da última década, a Disney encontrou uma nova mina de ouro em seus remakes em live-action. A estratégia começou tímida, com adaptações como Cinderela (2015) e Mogli: O Menino Lobo (2016), mas ganhou força nos anos seguintes, quando A Bela e a Fera (2017), Aladdin (2019) e O Rei Leão (2019) dominaram as bilheteiras mundiais.
Esses títulos mostraram que havia bastante público disposto a revisitar histórias clássicas, agora com tecnologia atualizada e um visual mais realista.
No entanto, os tempos mudaram. Após a pandemia de COVID-19, o desempenho dos remakes ficou menos previsível. Alguns filmes ainda conseguiram atrair grande público, mas outros tiveram resultados muito aquém do esperado. Aos poucos, projetos começaram a ser pausados ou cancelados, sinalizando que a era de ouro dos remakes poderia estar em revisão dentro da Disney.
O cancelamento de Aristogatas
E parece que um desses projetos interrompidos foi o remake em live-action de Aristogatas. Em entrevista ao Score: The Podcast, o músico Questlove, que estava envolvido na direção, confirmou que a produção não vai mais acontecer.
O filme foi anunciado em 2022, ainda durante a gestão de Sean Bailey como presidente de produção da Walt Disney Pictures. No entanto, com as mudanças recentes de liderança no estúdio, vários títulos em desenvolvimento acabaram sendo descartados.
Questlove explicou como o projeto perdeu força a cada troca administrativa:
“Uma nova administração chegou, e então eu apresentei minhas ideias, algumas músicas, a equipe com quem eu trabalharia…”, contou. “Depois houve outra troca, e mais uma. Na terceira vez pensei: talvez isso não seja para mim, já que tenho tantas outras opções de projetos.”
Apesar disso, o músico não fecha totalmente a porta para o futuro:
“Eu teria adorado fazer esse projeto, mas tenho pelo menos uns 20 outros à frente. Há quatro filmes que vão me ocupar até 2029 ou 2030. Talvez aconteça no futuro.”
A história original
Lançado em 1970, Aristogatas foi o último longa aprovado por Walt Disney antes de sua morte. Ambientado em Paris, o filme conta a história da gata Duquesa e seus três filhotes, que herdam a fortuna de sua dona, uma milionária excêntrica.
Quando o mordomo Edgar descobre o testamento, decide sequestrar os animais e abandoná-los no interior da França, para garantir a herança só para si.
A jornada de Duquesa e seus filhotes até encontrarem o caminho de volta apresenta uma série de personagens marcantes, como o carismático gato de rua Thomas O’Malley. A mistura de aventura, humor e música transformou o longa em um dos clássicos mais lembrados da Disney.
Por isso, a notícia de que o remake não vai sair do papel frustra boa parte dos fãs, que esperavam ver uma releitura moderna dessa trama.
O cenário atual dos remakes da Disney
O cancelamento de Aristogatas se soma a outros projetos paralisados nos últimos anos, como Bambi e A Espada Era a Lei. A decisão reflete o momento de incerteza do estúdio em relação ao futuro do formato.
Depois do desempenho decepcionante de Branca de Neve em 2025, a Disney optou por pausar também o desenvolvimento de Enrolados. No entanto, o sucesso recente de Lilo & Stitch mostrou que ainda existe espaço para essas adaptações, desde que bem escolhidas.
O estúdio continua avançando com Moana em live-action e já confirmou a produção de Lilo & Stitch 2, que terá roteiro de Chris Sanders. Esse contraste mostra que a estratégia não foi totalmente abandonada, mas pode estar passando por ajustes, com uma seleção mais criteriosa de quais histórias ganharão uma nova versão.
Futuro incerto para Aristogatas
Embora Questlove já tenha deixado o projeto de lado, ele mesmo reconheceu que a ideia pode voltar em outro momento. Caso os próximos lançamentos da Disney consigam bons resultados, não seria improvável que títulos aparentemente cancelados, como Aristogatas, sejam revisitados.
Por enquanto, a aventura de Duquesa, Thomas O’Malley e dos gatinhos Marie, Toulouse e Berlioz seguirá restrita ao clássico animado de 1970, disponível no Disney+.