No cenário do entretenimento, onde as linhas entre a ficção e a realidade histórica frequentemente se confundem, a série Xógum: A Gloriosa Saga do Japão, lançada pelo FX e disponível no Disney+ e no Star+, surge como uma narrativa épica que transporta os espectadores para o Japão do ano 1600. Este período, conhecido como o crepúsculo do período Sengoku, foi marcado por guerras civis constantes e significativas agitações sociais.
A trama se inicia com a chegada de John Blackthorne, interpretado por Cosmo Jarvis, um piloto inglês que atravessa o mundo a bordo de um navio de propriedade holandesa, desafiando os segredos guardados pelos portugueses e espanhóis.
Seu sonho? Diminuir o controle das superpotências católicas sobre o comércio internacional, possibilitando uma aliança entre sua amada Rainha Elizabeth I, a Igreja Protestante, e o próspero Japão. O que se desenrola, porém, é uma trama onde Blackthorne se torna uma peça nos complexos planos do astuto daimyo Toranaga, vivido por Hiroyuki Sanada.
Inspiração vs. liberdade criativa
Mas até que ponto Xógum se baseia em uma história real? Embora a série apresente uma trama quase inacreditável, com ataques noturnos de ninjas, samurais femininas lutando pela honra de suas casas e uma ampla conspiração entre senhores da guerra, ela encontra suas raízes em eventos e figuras históricas autênticas.
Inspirada no romance homônimo de 1975 de James Clavell, a produção do FX tece sua história a partir de personagens que, embora fictícios, são inspirados em indivíduos reais como Tokugawa Ieyasu, fundador do período Edo, e William Adams, um navegador inglês que se tornou samurai a serviço de Tokugawa.
A série toma liberdades criativas, evidentemente, mas personagens como Lady Mariko, interpretada por Anna Sawai, são baseados em figuras históricas cujas ações corajosas foram fundamentais na época.
É importante notar, contudo, que as personalidades e motivações desses personagens são criações puramente ficcionais, destinadas a enriquecer a dramatização da série.
O significado de Xógum
Para os espectadores que se perguntam sobre o significado do título, Xógum é a romanização da palavra japonesa “Shogun”, que se refere a um título dado a comandantes militares no Japão feudal. Historicamente, o Xógum era o governante de fato do Japão, detendo o poder real sobre o país, enquanto o Imperador permanecia como uma figura cerimonial e religiosa. Os Xóguns governavam o Japão através do sistema de bakufu, um tipo de governo militar feudal.
O título de Xógum foi estabelecido no final do século XII, quando Minamoto no Yoritomo foi nomeado o primeiro Xógum Seii Taishogun, que significa “Grande General que Subjuga os Bárbaros”.
Essa nomeação marcou o início do período Kamakura, o primeiro de vários shogunatos que governariam o Japão. Os shogunatos continuaram até a Restauração Meiji em 1868, quando o governo do Xógum foi abolido, e o poder foi restaurado ao Imperador, marcando o início da modernização do Japão e a transição para um estado-nação.
A série explora essa busca pelo poder supremo, delineando as complexidades políticas, econômicas e marciais do Japão do século XVII. Ao longo dos episódios, os espectadores são convidados a explorar um mundo onde a realidade histórica se entrelaça com a ficção, oferecendo uma visão única do período Sengoku e dos eventos que moldaram o futuro do Japão.
Enquanto a série navega por essas águas turbulentas da história, ela serve para nos ajudar a compreender o passado, mostrando que às vezes é necessário cruzar a fronteira entre o que foi real e o que foi imaginado.
Novos episódios de Xógum: A Gloriosa Saga do Japão são lançados no Disney+ e no Star+ às terças-feiras. A primeira temporada da série tem 10 episódios no total, com o último capítulo marcado para 23 de abril de 2024.