A busca pela perfeição nas tramas que arrebatam os corações dos fãs de super-heróis parece ser um caminho sinuoso e cheio de reviravoltas. O encerramento de WandaVision, a primeira investida da Marvel Studios no universo de streaming do Disney+, não foi apenas uma audaciosa experiência narrativa, mas também um notável exemplo de como os bastidores de uma produção podem ser tão tumultuados quanto a trama apresentada na tela.
As questões que circundaram o final de WandaVision se tornaram ainda mais intrigantes após novas revelações de Jac Schaeffer, criadora e roteirista-chefe da série, em um contexto mais amplo sobre as produções da Marvel Studios.
No livro MCU: The Reign of Marvel Studios, os autores Joanna Robinson, Dave Gonzales e Gavin Edwards proporcionaram um olhar sobre como os aspectos criativos da série foram influenciados e, em alguns casos, restritos pelas necessidades e mudanças contínuas dos grandiosos planos do Universo Cinematográfico da Marvel.
Schaeffer delineou o desafio que a equipe criativa enfrentou ao desenvolver o episódio final da série: “O final foi simplesmente uma questão de continuidade… Que é bastante típico para projetos da Marvel — o clímax de um filme da Marvel é simplesmente iterado e iterado até o final“.
Isso esclarece as divergências percebidas pelos fãs no último episódio, que trouxe uma batalha de ação, talvez genericamente encaixada no padrão MCU, e um desfecho que deixou algumas perguntas no ar, como as consequências das ações de Wanda e o surpreendentemente fim de Visão, interpretado por Paul Bettany.
Esta flexibilidade ininterrupta, porém, não é meramente uma questão de indecisão criativa. Os escritores e criadores por trás dos projetos da Marvel enfrentam o desafio de integrar suas histórias em um universo em expansão contínua, onde os destinos dos personagens e as tramas interconectadas podem ser reconfigurados conforme os planos do MCU se desdobram.
Criatividade x Continuidade no MCU
Em uma realidade onde as histórias de cada personagem se entrelaçam através de diversos filmes e séries, os escritores se encontram presos entre a realização de uma conclusão satisfatória e a necessidade de “deixar espaço para manobras” ao final de cada história, cientes de que os futuros planos do estúdio para um determinado personagem podem mudar abruptamente.
“Os escritores foram prejudicados em seus esforços para chegar a uma conclusão satisfatória porque tiveram que deixar espaço para manobra no final de cada enredo, sabendo que o estúdio pode mudar abruptamente seus planos futuros para um determinado personagem“, diz um trecho do livro.
Esta interligação do MCU pode ser uma faca de dois gumes para os criadores, que precisam equilibrar suas próprias visões e intenções criativas com os amplos contornos do universo compartilhado da Marvel.
Schaeffer, em uma conversa anterior com Comicbook, compartilhou que “o final foi a coisa que foi reescrita mais vezes” e foi “a coisa mais difícil de encontrar, criar e concluir“. Isto, somado às revelações do livro, demonstra uma significativa visão dos desafios enfrentados pelos criadores ao navegarem pela colossal rede narrativa que é o MCU.
WandaVision, mesmo com seus desafios nos bastidores e a reescrita constante de seu final, conseguiu uma enorme audiência e gerou infinitas teorias entre os fãs, consolidando-se como um exemplo intrigante de como as histórias da Marvel são contadas – e alteradas – na era do streaming.
Os insights de Schaeffer não apenas nos oferecem uma janela para os curiosos processos de desenvolvimento por trás das cortinas da Marvel, mas também reflexões mais amplas sobre os futuros projetos do estúdio, onde o equilíbrio entre a inovação criativa e a coerência no universo compartilhado continuará sendo uma regra.
Luiz Junqueira é engenheiro da computação e escreve sobre entretenimento há mais de 12 anos, com um olhar analítico sobre filmes, séries e quadrinhos. Combina sua formação técnica com uma grande paixão pelo universo da cultura pop, se dedicando a trazer para os leitores artigos informativos e precisos.
