
A nova temporada de Os Simpsons já estreou nos Estados Unidos e trouxe uma curiosa atualização sobre o passado de Homer e Marge. No episódio de estreia da 37ª temporada, Marge relembra sua juventude e, ao que tudo indica, ela viveu sua adolescência nos anos 1990.
Isso faz com que, tecnicamente, Marge e Homer sejam Millennials (Geração Y), algo que deixou parte do público confusa, já que os personagens adultos da série têm a mesma idade desde a estreia em 1989.
Mas, segundo o produtor e roteirista Matt Selman, isso não é um problema. Em entrevista à Entertainment Weekly, ele explicou que o desenho nunca teve a intenção de seguir uma linha do tempo rígida.
“Meu processo criativo é: eu não estou nem aí,” disse Selman. “As opções são: nunca fazer episódios com flashbacks e ignorar o passado, o que nos limitaria criativamente, ou ser brincalhões e flexíveis, que é o DNA do programa.”
Selman destacou que forçar Homer e Marge a manterem uma história fixa, com base em uma época específica, acabaria prendendo os roteiristas.
“Se o programa se limitasse ao presente, com um passado vago dos anos 1970, isso deixaria tudo mais difícil para contar boas histórias,” afirmou.
Para ele, parte importante de qualquer história é mostrar como as pessoas lembram da juventude e como essas experiências moldam quem elas se tornam. Mesmo que os personagens não envelheçam, o show precisa lidar com essas memórias.
“Seria estranho se os personagens só dissessem ‘Quando eu era criança nos anos 70…’ mesmo que a gente viva num futuro pós-apocalíptico agora,” brincou o roteirista.
Tudo aconteceu e não aconteceu

A confusão entre fãs sobre a cronologia de Os Simpsons não preocupa Selman. Ele lembra que o desenho nunca seguiu uma linha do tempo coerente e que isso faz parte do charme da série.
“Não estamos dizendo que os outros flashbacks amados não aconteceram. Nenhum deles aconteceu! É só um desenho bobo! Tudo aconteceu e não aconteceu ao mesmo tempo,” explicou.
Selman ainda incentivou os fãs mais atentos a se divertirem com as inconsistências:
“Se você gosta de analisar a linha do tempo de uma série de 40 anos em que ninguém envelhece, vá em frente. Divirta-se, destrinche, critique. É pra isso que serve.”
O produtor acredita que apenas uma pequena parcela dos fãs realmente se importa com a cronologia. E, segundo ele, isso só mostra o quanto essas pessoas amam os episódios antigos.
“Acho que quem se incomoda com isso é uma minoria, e é porque têm carinho pelos episódios da infância. Isso é especial. Mas os episódios antigos continuam lá, não estamos apagando nada,” comentou Selman.
Para Selman, o segredo da longevidade da série está justamente em não se preocupar tanto com coerência.
“É um paradoxo. As pessoas aceitam mesmo assim. Os Simpsons ainda é muito popular nos EUA e fora dele. Não me preocupo com a linha do tempo. História e personagem vêm em primeiro lugar; regras de universo cinematográfico, em segundo.”
A 37ª temporada de Os Simpsons chega em breve ao catálogo do Disney+ no Brasil.