Nicolas Cage voltou a falar sobre as consequências da inteligência artificial no cinema, destacando que, em sua visão, essa tecnologia pode comprometer a essência da arte.
Durante seu discurso no Saturn Awards, no dia 2 de fevereiro, o ator fez um alerta sobre o que chamou de “o novo mundo da IA”.
“Sou um grande defensor da ideia de que não podemos deixar os robôs sonharem por nós”, disse Cage. “Robôs não conseguem refletir a condição humana. Se um ator permitir que a IA manipule sua performance, mesmo que minimamente, isso pode evoluir até um ponto onde toda a integridade e verdade da arte sejam substituídas apenas por interesses financeiros. Não podemos deixar isso acontecer.”
A IA no cinema
O ator explicou que, na sua percepção, a função da arte é representar experiências humanas de forma genuína. Ele acredita que, se os robôs assumirem essa função, a arte perderá seu impacto emocional.
“O trabalho de toda forma de arte, incluindo a atuação, é refletir as histórias externas e internas da condição humana. Um robô não pode fazer isso”, afirmou. “Se deixarmos a IA assumir esse papel, tudo perderá o coração, perderá sua identidade e se tornará algo artificial. Não será mais uma resposta humana à vida, mas sim a vida conforme ditada pelos robôs.”
Os comentários de Cage surgem em um momento em que o uso de IA em filmes tem gerado debates. Recentemente, O Brutalista se tornou alvo de críticas depois que seu diretor, Brady Corbet, revelou que a produção utilizou inteligência artificial para aprimorar os sotaques húngaros dos atores.
O editor do filme, Dávid Jancsó, explicou que gravou falas que foram incorporadas ao filme sempre que os atores falavam húngaro.
“Grande parte dos diálogos em húngaro contém trechos da minha voz”, disse ele, acrescentando que procurou preservar as atuações ao “substituir apenas algumas letras aqui e ali”.
Nicolas Cage já havia demonstrado preocupação com a IA
Essa não foi a primeira vez que Cage se manifestou contra a inteligência artificial. Em uma entrevista ao The New Yorker em julho de 2024, ele revelou estar “apavorado” com a tecnologia.
O ator mencionou que seu corpo foi digitalizado para a série Spider-Noir, levantando questionamentos sobre o futuro da atuação.
“Isso me faz pensar: onde vai parar a verdade do artista? Ela será substituída? Vai ser transformada? Onde ficará o coração disso tudo?”, questionou. “O que farão com meu corpo e meu rosto depois que eu morrer?”
Homenagem a David Lynch no Saturn Awards
Além de levantar essa questão, Cage recebeu o prêmio de Melhor Ator em Filme por sua atuação em O Homem dos Sonhos. Durante seu discurso, ele homenageou o cineasta David Lynch, que o dirigiu em Coração Selvagem (1990).
“Quando eu estava filmando ‘Coração Selvagem’, era um jovem ator muito sério e perguntei: ‘David, tudo bem se eu me divertir neste filme?’ E ele respondeu: ‘Cara, não só é permitido, como é necessário.’”