Outlander: Blood of My Blood amplia o universo já conhecido de Outlander ao mostrar a origem de figuras que sempre foram mencionadas, mas raramente exploradas. Entre elas está Brian Fraser, pai de Jamie Fraser, que apareceu muito pouco na série principal, ganha destaque agora na trama e ajuda a revelar os caminhos que definiram a família mais lembrada da franquia.
Até agora, os fãs tinham uma imagem incompleta desse personagem. Nos flashbacks da série original, Brian já havia aparecido mais velho, mas sua juventude permanecia um mistério.
A produção agora coloca sob os holofotes esse homem em seus primeiros anos, com suas relações pessoais, dilemas familiares e escolhas que vão definir seu futuro.
A origem de Brian e sua posição na sociedade
Na série derivada, fica claro que Brian carrega um peso desde o nascimento. Ele é filho ilegítimo de Lord Lovat (Tony Curran), um homem temido e de reputação questionável, e de Davina Porter (Sara Vickers), uma criada do castelo. Essa condição de bastardo o torna alvo de desconfiança e desdém, tanto dentro de sua própria família quanto na sociedade ao redor.
Mesmo assim, Brian não se deixa definir por esse rótulo. Em vez de carregar as marcas do pai, busca se diferenciar dele. Desde cedo, mostra compaixão, senso de justiça e coragem, características que o aproximam do papel de herói da história.
Jamie Roy, intérprete do personagem, descreveu Brian de forma clara em entrevista ao Decider: “Ele realmente é o Superman do século 18. Sempre tenta fazer a coisa certa, tomar a melhor decisão e ser a melhor pessoa possível.”
Essa postura o coloca constantemente em situações de risco, já que ele não hesita em se colocar à frente de quem precisa de ajuda, seja para proteger Julia Moriston (Hermione Corfield), encantar Ellen MacKenzie (Harriet Slater) ou até mesmo defender sua própria mãe da crueldade de Lorde Lovat, o Simon Fraser.
A dualidade entre pai e filho
Um dos pontos centrais da trama é a relação entre Brian e Lorde Lovat. Ao mesmo tempo em que ele rejeita os valores do pai, há um desejo quase inconsciente de encontrar uma forma de conexão.
Sobre essa influência, Roy comentou: “Brian é muito à frente de seu tempo no jeito como vê as mulheres. Ele enxerga como o pai as trata e não quer repetir isso. Em tudo o que Lorde Lovat faz, Brian encontra exatamente o que não quer ser.”
Essa oposição ajuda a construir a identidade do personagem. Enquanto Lovat representa arrogância, poder e desrespeito, Brian escolhe trilhar um caminho marcado por empatia e honestidade, mesmo quando isso exige sacrifícios.
A relação com Ellen MacKenzie
Se a família já lhe impõe barreiras, a vida amorosa não é menos complicada. Brian se apaixona por Ellen MacKenzie, jovem de uma família rival. O encontro dos dois acontece de forma rápida, mas intensa, criando uma conexão imediata que guia grande parte de suas ações.
Jamie Roy explicou que a produção decidiu mostrar essa ligação de forma direta, sem prolongar a aproximação: “Sabemos que eles vão ficar juntos, então a ideia era mostrar logo essa conexão e depois explorar como eles vão enfrentar todos os obstáculos.”
Segundo o ator, o laço entre os personagens vai além da atração física. “São dois espíritos afins, cada um em sua forma de exclusão. Quando se encontram, percebem que há uma energia diferente ali, como se finalmente tivessem encontrado alguém que os entende.”
Essa escolha narrativa permite que o público acompanhe não apenas o início do romance, mas principalmente como Brian e Ellen lidam com os problemas que surgem a partir dele.
O dilema com Murtagh
O envolvimento com Ellen traz outro conflito: o relacionamento de Brian com Murtagh (Rory Alexander), seu melhor amigo. O problema é que Murtagh também nutre sentimentos por Ellen, criando uma situação em que a amizade e o amor colidem.
Roy destacou a dificuldade desse segredo: “Ele tem que mentir para o melhor amigo todos os dias. E isso é muito, muito difícil.”
A contradição é evidente: Brian é apresentado como alguém que valoriza a verdade e busca sempre fazer o certo, mas ao mesmo tempo precisa esconder uma parte essencial de sua vida daquele que considera um irmão. Essa tensão adiciona novas camadas ao personagem e reforça sua luta interna.
Apesar do conflito, a amizade com Murtagh é essencial para Brian. O jovem encontra no amigo um companheiro de confiança, alguém que o ajuda a suportar a pressão de viver no Castelo Leathers e a conviver com a figura imponente de Lorde Lovat.
Roy ressaltou essa conexão: “Se não fosse por Murtagh, talvez Brian já estivesse morto. Ele é quem muitas vezes consegue acalmá-lo e trazê-lo de volta ao chão.”
A relação entre os dois também ganha força pelo vínculo entre os atores. Fora das câmeras, Roy contou que ele e Rory Alexander compartilham uma amizade muito próxima, o que reforça a naturalidade das cenas em que aparecem juntos.
Momentos curiosos nos bastidores
Entre tantas tensões, a série também abre espaço para momentos inusitados durante as gravações. Um exemplo foi revelado pelo próprio Roy ao falar sobre uma cena com Tony Curran, intérprete de Lorde Lovat, em que o personagem aparecia no banheiro do Castelo Leathers fazendo o “número 2”.
“No dia da gravação, Tony fazia barulhos ele mesmo, sem precisar de efeitos sonoros. Ele começou a improvisar e tentava nos fazer rir no meio das falas. Foi impossível não segurar a risada.”
Essa descontração se refletiu no resultado final, já que pequenos sorrisos escaparam na cena que foi ao ar. Para Roy, esses momentos ajudam a aliviar a intensidade do trabalho e fortalecem ainda mais a química entre os atores.
Brian como peça central de Blood of My Blood
Ao longo da temporada, Brian Fraser surge como um personagem que equilibra a dureza do ambiente em que vive com sua vontade de agir de forma correta.
Entre rivalidades familiares, relações proibidas e segredos difíceis de carregar, ele se firma como uma das figuras mais importantes da nova produção do universo Outlander.
Novos episódios da série derivada estão sendo lançados aos sábados no Disney+.