
Batman: O Homem Morcego (1966) é um filme derivado da série de TV do mesmo ano estrelada por Adam West e Burt Ward, trazendo um tom bem diferente das versões mais recentes do herói. No enredo, Batman e Robin enfrentam uma aliança incomum entre quatro dos vilões mais conhecidos de Gotham: Mulher-Gato, Coringa, Charada e Pinguim. Juntos, eles armam um plano para dominar o mundo, enquanto tentam eliminar a dupla de heróis de uma vez por todas.
O filme, com seu visual colorido, se tornou um clássico cult ao longo dos anos, e no Brasil rendeu até uma paródia com dublagem satírica que fez enorme sucesso: Feira da Fruta.
Mas o que chama atenção hoje é sua presença no catálogo do Disney+, algo que pode parecer estranho, já que o Batman é um dos personagens centrais da DC Comics, cujos direitos geralmente estão associados à Warner Bros.
A resposta para essa aparente contradição está em acordos antigos de produção e em mudanças recentes no cenário das grandes corporações de mídia.
Produção original é da Fox
Nos anos 1960, a DC Comics, ainda com o nome National Periodicals, licenciou os direitos do Batman para que a 20th Century Fox produzisse tanto a série quanto o filme. A exibição ficou a cargo da rede ABC, mas os direitos de distribuição sempre estiveram com a Fox.
Esse arranjo permitiu à Fox manter o controle sobre a distribuição do filme e da série, enquanto a DC continuava sendo a dona do personagem. Ou seja, mesmo sendo um herói da DC, o Batman de 1966 era, em termos legais, um produto da Fox.
Como a Disney passou a controlar o filme

Essa conexão com a Fox explica por que o filme acabou no Disney+. Quando a Disney comprou a 21st Century Fox em 2019, ela também adquiriu os direitos de distribuição de todos os conteúdos sob controle da Fox, incluindo Batman: O Homem Morcego (1966).
A aquisição também incluiu outras produções populares, como Os Simpsons e os filmes dos X-Men, que passaram a integrar o catálogo do Disney+ mesmo tendo origens fora do universo tradicional da empresa.
Embora a Disney também tenha adquirido a ABC nos anos 1990, isso não teve relação direta com o filme, já que a emissora apenas o transmitiu originalmente e não detinha direitos sobre ele. O controle sempre foi da Fox, agora incorporada à Disney.
Mídia física ficou com a Warner
Mesmo com os direitos de exibição em posse da Disney, a Warner Bros. foi quem lançou o filme e a série em mídia física, como VHS, DVD e Blu-ray.
Isso aconteceu porque, nos anos 1960, os contratos de produção e distribuição não previam formatos que ainda não existiam, como o VHS, que só seria lançado oficialmente em 1976, no Japão, e no ano seguinte nos Estados Unidos. No Brasil, a popularização do VHS aconteceu no início da década de 1980, com a importação dos primeiros aparelhos.
Com esse vácuo contratual, a Warner pôde explorar o mercado de mídia física anos depois, mesmo sem controlar os direitos de exibição digital ou para TV.
A relação da DC com a Warner Bros.

A DC Comics passou a fazer parte do grupo Warner Bros. apenas na década de 1970, o que significa que, na época da produção de Batman: O Homem Morcego, ela ainda era independente e podia negociar seus personagens com outros estúdios.
Após a compra da DC pela Warner, a empresa passou a produzir e distribuir seus próprios conteúdos com o personagem, mas o contrato com a Fox seguia válido para a produção de 1966. Por isso, mesmo depois de décadas, o filme ainda estava sob controle da Fox, e, agora, da Disney.
Casos assim não são raros na indústria do entretenimento. Um exemplo parecido envolve os filmes do Blade, que são exibidos na HBO Max (plataforma da Warner), mesmo sendo o personagem parte da Marvel. Isso acontece porque a New Line Cinema, responsável pela produção original, pertence à Warner e mantém os direitos de distribuição.
Portanto, a presença de Batman: O Homem Morcego (1966) no Disney+ é resultado direto de acordos feitos há mais de 50 anos e de movimentações corporativas recentes. O filme foi produzido pela Fox, que manteve seus direitos de distribuição mesmo depois de a DC ser comprada pela Warner.
Anos depois, com a compra da Fox pela Disney, esses direitos foram transferidos novamente, e é por isso que, hoje, é possível assistir ao Batman na plataforma da Disney, mesmo ele sendo um dos símbolos da DC.