
A Disney está em busca de novos caminhos para atrair os homens da Geração Z, especialmente aqueles entre 13 e 28 anos. Segundo um relatório da Variety, a Casa do Mickey está pedindo que produtores de Hollywood tragam ideias voltadas diretamente para esse público, que tem mostrado pouco interesse pelas estreias recentes do cinema.
Esse movimento faz parte de uma tentativa maior de diversificar os projetos e reduzir a dependência de franquias como Marvel e Star Wars, que já não geram a mesma empolgação de antes. A ideia é oferecer algo novo, com cara de novidade e que funcione fora do universo dos reboots e continuações.
A Geração Z masculina é descrita como um grupo mais isolado, muito ligado ao universo dos games e afetado pelas quarentenas da pandemia durante a adolescência. Esse perfil busca experiências mais interativas e que rendam conteúdo para redes sociais, como foi o caso do sucesso de Um Filme Minecraft da Warner Bros., que viralizou no TikTok e arrecadou quase 1 bilhão de dólares.
A Disney percebeu que, enquanto os millennials se animam com lice-actions como O Rei Leão ou Lilo & Stitch, os mais jovens não se conectam da mesma forma com esses títulos. Com uma fatia de mercado de 10% entre esse público em 2024, o estúdio agora tenta ir além dos personagens consagrados.
Como parte da estratégia, a empresa investiu US$ 1,5 bilhão no Fortnite para integrar seus personagens ao jogo. Só que, sem os direitos para produzir um filme do game, o jeito é criar histórias novas que atraiam esse público gamer para as salas de cinema.
O que a Disney está procurando nos novos projetos
Para se conectar com essa nova audiência, a Disney quer apostar em tramas que envolvam aventura e descoberta. A ideia é investir em histórias com apelo mundial, como “caças ao tesouro” e aventuras sazonais, por exemplo, com temática de Halloween.
Esses filmes precisam gerar empolgação suficiente para serem compartilhados nas redes sociais, como aconteceu com os grupos fantasiados indo ao cinema assistir Minions: A Origem de Gru, ou com as gravações das cenas mais comentadas de Minecraft nas salas.
Bob Iger, CEO da Disney, já declarou que o foco agora está em lançar “grandes filmes”, mesmo que não sejam parte de franquias. A aposta é em ideias originais, que criem interesse naturalmente, especialmente no TikTok, sem depender da força de nomes já conhecidos.
Enquanto isso, estúdios concorrentes como Universal e Warner já avançaram nesse campo, deixando a Disney numa posição de recuperação.
Para isso, o estúdio escalou David Greenbaum, contratado em 2024 para liderar os filmes live-action, com apoio de Daria Cercek, vinda da Paramount, onde trabalhou com franquias como Sonic.
Falta de conteúdo voltado para o público masculino

Um dos pontos mais críticos levantados pela Variety é a escassez de produções live-action voltadas para um público masculino nos últimos anos. Títulos como Piratas do Caribe, que já tiveram esse apelo, estão parados desde 2017. Apesar de estar oficialmente em desenvolvimento, a nova versão ainda não tem previsão de estreia, e a ideia de um filme com Margot Robbie foi deixada de lado.
Indiana Jones e A Relíquia do Destino, lançado em 2023 com Harrison Ford, teve retorno abaixo do esperado. Mesmo com um orçamento de US$ 300 milhões, faturou apenas US$ 383 milhões, e isso antes de incluir os custos de divulgação.
Enquanto isso, o live-action de Lilo & Stitch até atraiu jovens e crianças, mas teve mais força entre famílias millennials. E com o desgaste das marcas Marvel e Star Wars, a empresa agora se vê sem uma oferta clara para os jovens que cresceram jogando Fortnite e assistindo vídeos curtos no celular.
O último Star Wars no cinema foi lançado há sete anos, e o recente Quarteto Fantástico: Primeiros Passos não atendeu totalmente às expectativas, mesmo com boa recepção da crítica. Um executivo de um estúdio concorrente resumiu a situação para a Variety: “A Disney vai ter que começar a tentar”.
A empresa já sinalizou que quer ideias que misturem inovação com apelo comercial. A aposta é que novas histórias, com tesouros escondidos e viagens épicas, possam preencher esse espaço vazio e trazer de volta os jovens à experiência do cinema.
Fonte: Variety