Em uma era marcada pela expansão acelerada de serviços de streaming e pela produção incessante de conteúdo, a Disney caminha em direção contrária, sinalizando um ajuste nas suas contas. A gigante do entretenimento anunciou planos de reduzir seus gastos em conteúdo para o ano de 2024, um movimento que reflete uma nova estratégia corporativa e um mercado em constante transformação.
Durante a última conferência trimestral com investidores, o CFO interino da Disney, Kevin Lansberry, revelou que a empresa espera gastar 25 bilhões de dólares em conteúdo no próximo ano, incluindo a programação esportiva. Essa projeção representa uma redução em relação aos 27 bilhões de dólares do ano fiscal de 2023 e uma diminuição ainda mais significativa em comparação com o planejamento de 2022, que previa gastos de 33 bilhões de dólares em conteúdo.
Razões por trás da redução
Um dos principais motivos para o recuo nos gastos é o impacto das greves dos roteiristas e atores nos Estados Unidos, que causaram atrasos e cancelamentos de muitas produções. No entanto, a meta da empresa vai além das circunstâncias imediatas, visando uma redução de 4,5 bilhões de dólares em conteúdo.
Foco em conteúdo selecionado
Essa redução está alinhada com a visão do CEO Bob Iger, que planeja criar menos conteúdo e se concentrar em uma programação original escolhida a dedo. Com a programação linear e por streaming sendo agora compartilhada em todas as plataformas e com a fusão do Hulu e do Disney+ nos EUA, a Disney talvez não precise de tanto conteúdo para distribuir.
Durante a reunião com os investidores, foi revelado que cerca de 40% desse gasto com conteúdo é destinado aos esportes, o que representaria cerca de 10 bilhões de dólares, deixando 15 bilhões para entretenimento.
Dessa forma, a Disney está recalibrando sua estratégia de lançamento de filmes, priorizando grandes produções. Segundo Bob Iger:
“Isso nos dá a capacidade de reduzir um pouco os gastos e investimentos em séries. E essa mistura de gastos entre filmes e séries, acreditamos que nos oferece uma oportunidade de aumentar nossas margens e crescer o negócio.”
O gasto com conteúdo tem sido uma questão significativa para a Disney, após um impulso para tornar as plataformas de streaming mais lucrativas e o reconhecimento pelos estúdios de que não podem continuar perseguindo assinantes com novo conteúdo indefinidamente; agora eles devem gerar lucro, especialmente com a receita de redes lineares em declínio e números de bilheteria mais baixos que os anteriores à pandemia.
O futuro da programação dos estúdios da Disney
Este anúncio da Disney de reduzir os investimentos em conteúdo pode ser visto como um reflexo de um ambiente de mídia saturado e a necessidade de estratégias mais sustentáveis financeiramente. À medida que o mercado se ajusta a um novo normal após a pandemia e com os consumidores sendo mais seletivos em suas assinaturas de streaming, a Disney está se posicionando para tentar liderar com qualidade ao invés de quantidade.