
Durante uma conversa extensa sobre sua carreira e seus projetos mais recentes, Channing Tatum compartilhou uma revelação inusitada: ele chegou a fazer teste para viver Thor no Universo Cinematográfico da Marvel. O detalhe curioso é que ele nunca teve interesse real no papel, sua motivação era outra.
No final dos anos 2000, quando sua carreira estava ganhando força após filmes como Ela Dança, Eu Danço e G.I. Joe: A Origem de Cobra, Tatum participou da seleção para interpretar o deus do trovão.
O papel, como todos sabemos, acabou nas mãos de Chris Hemsworth, mas a razão pela qual Tatum entrou nessa disputa não foi exatamente a vontade de vestir a armadura asgardiana.
“Eu não queria ser o Thor”, confessou o ator na entrevista com a Variety. “Mas queria fazer o teste na frente do Kenneth Branagh.” O interesse, na verdade, estava no diretor britânico, famoso por seu trabalho no teatro e por ter dirigido o primeiro Thor, lançado em 2011. O ator viu ali uma oportunidade de aprender, mais do que conquistar um papel específico.
A experiência, no entanto, teve um impacto que durou bastante. Depois de uma única tomada, Branagh pediu que Channing Tatum colocasse as mãos em uma cadeira e não se mexesse. “Ele acertou meu ponto fraco. Passei os cinco anos seguintes tentando aprender a ficar parado.”
Para um ator cuja presença sempre esteve muito ligada ao físico, essa simples orientação abriu espaço para uma busca por mais controle e profundidade em cena.
A relação com a Marvel e o papel que realmente importava

Apesar de não ter se interessado por Thor, Channing Tatum manteve uma relação próxima com o universo dos super-heróis. O papel que realmente mexeu com ele foi o de Gambit, o mutante cajun dos X-Men, personagem com quem ele se identificava desde o início da carreira.
Ele chegou a desenvolver um filme solo do personagem ao lado do parceiro criativo Reid Carolin, mas o projeto naufragou após a aquisição da Fox pela Disney.
Mesmo assim, ele não desistiu. Em Deadpool & Wolverine, lançado no ano passado, Tatum finalmente apareceu como Gambit, e agora retorna ao papel em Vingadores: Doomsday, previsto para 2026. Essa participação marcou sua estreia oficial no MCU e vem carregada de significado, já que Gambit, com seu charme, vícios e moral ambígua, oferece ao ator um tipo de herói bem diferente do estereótipo tradicional.
“Meu foco sempre foi o Gambit,” disse. “Ele gosta de mulheres, bebe, fuma. Ele não é só o cara que salva o mundo, e a gente precisa desses também, mas precisa de contraste.”
Uma carreira entre acasos e escolhas conscientes

A revelação sobre o teste para Thor ajuda a traçar um panorama curioso da trajetória de Channing Tatum em Hollywood. Muitas das decisões que marcaram sua carreira surgiram de impulsos. Ele mesmo reconhece que, por muito tempo, sua carreira teve vida própria, com projetos que surgiam em sequência quase automática.
Isso começou a mudar com filmes como Foxcatcher: Uma História Que Chocou o Mundo, Dog – A Aventura de Uma Vida e agora Roofman, que estreia em outubro. Cada vez mais interessado em papéis que exigem algo novo, Tatum tem buscado equilíbrio entre grandes produções, como Vingadores 5, e obras mais autorais, que resgatam seu lado mais instintivo como artista.
A experiência de ter feito teste para um papel que não queria é só mais um exemplo de como sua trajetória foi definida tanto por tentativas quanto por aprendizados. E, agora aos 45 anos, o ator parece pronto para usar tudo o que acumulou nas últimas duas décadas, inclusive os “nãos” e as experiências curiosas que o tornaram quem é.
Como ele mesmo brinca, “vou fazer as coisas da Marvel e também trabalhar com cineastas incríveis em personagens que me permitam mostrar tudo o que aprendi nos últimos 20 anos.”