Cena estranha em filme da Disney gera debate sobre Inteligência Artficial

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Inovação tecnológica e criatividade sempre andaram lado a lado no universo cinematográfico, mas agora um novo tópico fervilha nos debates virtuais: a utilização de Inteligência Artificial (IA) para criar atores digitais em filmes. O epicentro de uma nova discussão se origina de uma cena peculiar no filme Um Pacto de Amizade, lançado no Disney+ em março deste ano.

A trama romântica adolescente é centrada em Mandy Yang (Peyton Elizabeth Lee) e seu melhor amigo Ben (Milo Manheim), vivenciando os desafios e emoções do auge da época do baile de formatura com tema dos anos 80. Enquanto as complexidades das relações e ambições de Harvard permeiam o enredo, uma curiosa revelação de um usuário do Twitter acerca da tecnologia usada na produção gerou surpresa e mais debates sobre o uso da IA.

A cena em questão acontece logo nos primeiros minutos do início do filme, e revela a presença de torcedores, criados via Inteligência Artificial, apoiando o time de basquete dos Bulldogs. A integração desses personagens digitais não seria tão perceptível se não fosse a flagrante diferença na qualidade de renderização em comparação aos atores humanos, fazendo-os destoar significantemente no contexto geral.

O debate: Autenticidade vs Tecnologia

O compartilhamento desse momento curioso desencadeou uma onda de reações no X (antigo Twitter), desdobrando-se em um debate ampliado sobre os méritos e perigos do uso de IA na criação de atores em filmes.

Alguns usuários lançaram críticas pontuais, sublinhando o quão artificiais os personagens gerados por computador pareciam. Observações como “Isso é o início de um filme de terror, com certeza” e “Jesus Cristo, isso é realmente horrível” evidenciam uma reação negativa pronunciada em relação à essa adoção tecnológica.

Por outro lado, alguns internautas apresentaram uma visão mais branda e pragmática. Reações como “Isso provavelmente é um assento vazio e eles apenas fizeram uma rápida inclusão digital de público” e “Eles podem criar figurantes sem problemas, desde que não se pareçam com nenhum ator em particular” ilustram uma aceitação do papel da tecnologia no cinema, vislumbrando suas capacidades futuras de imagens com maior realismo.

A questão ética e a greve dos atores

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Bryan Cranston durante protesto dos atores em NY

Estas opiniões são particularmente pertinentes no cenário atual dos Estados Unidos, onde a greve do sindicato dos atores (SAG-AFTRA – Screen Actors Guild‐American Federation of Television and Radio Artists) luta contra o uso extensivo de IA na indústria cinematográfica. A consideração fundamental envolve se o uso desta tecnologia pode substituir atores reais, negando-lhes oportunidades de trabalho e, consequentemente, expressão artística.

Esta questão entra em um terreno ético mais amplo, ponderando sobre até que ponto a Inteligência Artificial deve ser implementada em áreas historicamente humanas. O problema também envolve se tais implementações, mesmo que visualmente aprimoradas no futuro, sempre carregarão consigo uma pitada de artificialidade perceptível que pode tirar os espectadores da imersão desejada por qualquer filme ou série.

Um Pacto de Amizade, da Disney, acabou entrando nas discussões sobre o futuro do cinema na era da Inteligência Artificial. Entre defensores ávidos da tecnologia e críticos cautelosos, a indústria do cinema se encontra em um ponto onde as escolhas de hoje moldarão a experiência cinematográfica das futuras gerações.

Um Pacto de Amizade está disponível no catálogo do Disney+.

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Luiz Junqueira

Luiz Junqueira é engenheiro da computação e escreve sobre entretenimento há mais de 12 anos, com um olhar analítico sobre filmes, séries e quadrinhos. Combina sua formação técnica com uma grande paixão pelo universo da cultura pop, se dedicando a trazer para os leitores artigos informativos e precisos.

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