
Branca de Neve, estrelado por Rachel Zegler e Gal Gadot, não está conseguindo se sair bem nos cinemas e deve fechar com um prejuízo estimado em US$ 115 milhões (cerca de R$ 655 milhões), segundo fontes do Deadline ligadas à distribuição.
A previsão leva em conta um faturamento final de bilheteria global em torno de US$ 225 milhões, sendo US$ 100 milhões nos Estados Unidos e US$ 125 milhões no mercado internacional. O desempenho ficou abaixo de Dumbo (2019), que arrecadou US$ 115 milhões apenas no mercado doméstico.
A estreia aconteceu no Brasil em 20 de março, e no segundo fim de semana nos EUA, o filme somou apenas US$ 14,2 milhões, uma queda de 66% — maior do que as quedas registradas por Dumbo e Malévola.
Receita total não cobre os altos custos de produção
Mesmo considerando todas as fontes de receita — incluindo vendas para vídeo doméstico, direitos de exibição na TV e streaming — os números não fecham. A expectativa é de que Branca de Neve gere US$ 295 milhões no total: US$ 101 milhões em aluguéis digitais, US$ 62 milhões com entretenimento, US$ 130 milhões com streaming e TV, além de US$ 2 milhões com produtos licenciados.
No entanto, os custos foram muito mais altos. A produção teve orçamento líquido de US$ 270 milhões, impactado por paralisações causadas por greves e até um incêndio no set no Reino Unido. A isso somam-se US$ 111 milhões com marketing global e US$ 29 milhões em taxas residuais e outros gastos, totalizando US$ 410 milhões em despesas.
Vale lembrar que essas contas não consideram possíveis ganhos futuros com parques temáticos ou cruzeiros da Disney. Também há a chance de que o filme ganhe força ao entrar no catálogo do Disney+, com uma nova onda de visualizações no streaming.
Polêmicas e repercussão nas redes afetaram o lançamento

A escolha de adaptar um clássico como Branca de Neve foi vista como uma decisão natural dentro da estratégia da Disney, ainda mais com nomes de peso envolvidos, como o diretor Marc Webb (500 Dias com Ela), o produtor Marc Platt (Wicked) e a dupla de compositores Benj Pasek e Justin Paul. O roteiro teve participação de Greta Gerwig (Barbie).
Mas o projeto enfrentou controvérsias. A começar pelas declarações de Rachel Zegler sobre o filme oiginal, que viralizaram e dividiram opiniões nas redes. Ela também rebateu críticas ligadas a essas mesmas declarações, o que gerou discussões fora do controle da própria produção. Como se não fosse suficiente, desejou nas redes sociais que Donald Trump e seus eleitores “nunca conheçam a paz”.
“Ela não tinha motivo para acreditar que isso tudo viraria o foco, mas aconteceu”, resumiu uma fonte próxima da campanha de divulgação. Comparações com o caso de Han Solo: Uma História Star Wars, que sofreu mudanças na direção e teve um desempenho fraco, também voltaram à tona.
Estratégias de lançamento e futuro das adaptações
Alguns especialistas sugerem que a Disney poderia ter feito pré-estreias para influenciadores, a fim de criar uma repercussão positiva antes da estreia. Mas o maior obstáculo talvez seja o apelo dos remakes live-action baseados em animações anteriores a 1989, como Dumbo ou Malévola, que historicamente não se saem tão bem quanto os títulos da chamada “renascença Disney”, como A Pequena Sereia, Aladdin e O Rei Leão.
Uma exceção foi Alice no País das Maravilhas, que em 2010 arrecadou mais de US$ 1 bilhão com a direção de Tim Burton e Johnny Depp no auge da popularidade.
Para projetos futuros, a aposta parece estar em versões mais ousadas e estilizadas, como foi o caso de Cruella, com Emma Stone. Mesmo com bilheteria de US$ 233 milhões, o lançamento simultâneo no streaming impactou o total — mas abriu caminho para uma continuação que já está em desenvolvimento.
Enquanto isso, Branca de Neve segue em cartaz nos cinemas e deve chegar ao catálogo do Disney+ no final de junho ou início de julho.