
O primeiro Guardiões da Galáxia poderia ter sido bem diferente se James Gunn tivesse seguido um dos conselhos que recebeu durante a produção. O diretor contou que essa foi, para ele, uma das piores sugestões de sua carreira.
Enquanto respondia perguntas no Threads, Gunn foi questionado sobre qual teria sido a pior recomendação recebida em um de seus filmes.
“Me disseram que ninguém iria gostar da trilha sonora de Guardiões e que eu deveria trocar por músicas dos anos 90, tipo Britney Spears. Não sei se foi a pior, mas é a que mais lembro!”, afirmou.

A ideia de substituir os clássicos do rock por hits mais recentes mostrava uma preocupação dos executivos em aproximar a produção do público jovem da época. Mas Gunn acreditava que a essência da história estava justamente nas músicas que representavam a infância de Peter Quill.
A trilha de Guardiões da Galáxia (2014) se baseia na “mixtape” de Peter Quill, com sucessos dos anos 1960 e 1970 que ele levou após ser sequestrado ainda criança. Cada canção foi escolhida para reforçar tanto o lado nostálgico do personagem quanto para dar ritmo e humor às cenas.
Apesar das dúvidas de executivos da Marvel, o álbum se tornou um fenômeno. Ele alcançou o topo da parada Billboard 200 nos Estados Unidos, feito inédito para uma coletânea formada apenas por canções já lançadas anteriormente.
Além disso, as músicas foram essenciais para construir a identidade do filme dentro do MCU, diferenciando-o de outros títulos lançados no mesmo período. O contraste entre cenas de ação espaciais e canções como Come and Get Your Love (Redbone) ou O-o-h Child (The Five Stairsteps) certamente ajudou a dar personalidade ao filma.
Sucesso além do cinema

O disco recebeu certificado de platina da Recording Industry Association of America e terminou 2014 como o segundo álbum de trilha mais vendido no país, atrás apenas de Frozen, da Disney. Entre os destaques, estavam músicas como Hooked on a Feeling, de Blue Swede, e Ain’t No Mountain High Enough, de Marvin Gaye e Tammi Terrell.
O sucesso fez com que a trilha sonora fosse tratada quase como um personagem dentro da franquia. Gunn passou a ser reconhecido por seu bom gosto musical, e cada novo volume da saga chegava cercado de expectativas sobre quais faixas seriam incluídas.
James Gunn já declarou em entrevistas anteriores que escreve algumas cenas com músicas específicas em mente, imaginando como elas podem se encaixar no clima desejado. Esse cuidado fez com que várias canções voltassem às paradas de streaming e alcançassem um público mais jovem que nunca tinha ouvido falar delas.
Em Guardiões da Galáxia Vol. 2 (2017), por exemplo, a escolha de Mr. Blue Sky, da Electric Light Orchestra, foi decisiva para dar o tom divertido da sequência de abertura.
Já em Vol. 3 (2023), a inclusão de Dog Days Are Over, de Florence and the Machine, marcou um momento importante para os personagens, reforçando como as músicas ajudam a conduzir a emoção da história.
Os três filmes de Guardiões da Galáxia estão disponíveis no Disney+. Para quem quiser revisitar a trilogia, vale prestar atenção não só nos diálogos e efeitos visuais, mas também em como cada canção foi escolhida para estar ali. Afinal, a música é parte essencial da forma como James Gunn decidiu contar a história desses heróis improváveis.