
O personagem John Walker voltou a ser assunto entre fãs da Marvel após sua presença em Thunderbolts*, que já está disponível no Disney+. A forma como a produção lidou com o passado do anti-herói veio acompanhada de discussões nas redes sociais e no Reddit sobre a maneira como a história dele foi retratada na série Falcão e o Soldado Invernal.
Enquanto parte do público tenta suavizar as atitudes do Agente Americano, Thunderbolts* acaba reforçando e até distorcendo certos eventos. Mas até que ponto é válido reescrever ou reinterpretar erros de personagens para torná-los mais aceitáveis?
A polêmica do episódio em Falcão e o Soldado Invernal

No quarto episódio de Falcão e o Soldado Invernal, intitulado “O Mundo Está Vendo”, John Walker ainda atuava como o novo Capitão América, perseguindo o grupo terrorista Apátridas. Diferente de Sam Wilson, que buscava dialogar com Karli Morgenthau e entender suas motivações, Walker partia para o confronto direto ao lado de seu parceiro, Lemar Hoskins, o Estrela Vermelha.
Após usar o soro do super soldado para equilibrar as forças, Walker participou de uma luta intensa contra os Apátridas. Durante o combate, Karli acerta Hoskins e acaba o matando. A cena leva Walker ao limite. Ele persegue Nico, outro membro do grupo, e o captura diante de vários civis.
Mesmo com Nico alegando inocência e pedindo clemência, Walker desconta sua fúria e o mata brutalmente usando o escudo.
O ato é registrado por diversas câmeras e resulta na perda do título de Capitão América e em sua expulsão do exército. Depois disso, Walker passa a trabalhar para a Condessa Valentina Allegra de Fontaine, conexão que o leva até Thunderbolts*.
A tentativa de suavizar a imagem de Walker

Apesar da gravidade da cena, muitos fãs passaram a defender o personagem, chegando a vender produtos como chaveiros e camisetas com a frase “Walker não fez nada errado”. Esse movimento tenta justificar o assassinato como resultado da influência do soro ou como uma reação ao trauma de perder Hoskins.
Ainda assim, é inegável que Walker executou alguém rendido, em público, e motivado pela raiva. Isso caracteriza um erro grave, mesmo que existam fatores psicológicos e emocionais envolvidos em sua decisão.
Em Thunderbolts*, a própria Yelena Belova confronta Walker sobre o episódio. Ao ouvi-lo lembrar que foi o Capitão América, ela retruca: “Sim, por uns dois segundos. Antes de assassinar publicamente um inocente nas ruas”.
A fala deixa claro o julgamento sobre as ações de Walker, mas também gera uma nova controvérsia. Embora Nico não devesse ter sido morto, classificá-lo como um “inocente” ignora o fato de que ele fazia parte de um grupo terrorista. Ele não era um civil comum, mas isso não torna a execução menos condenável.
A questão é que, ao rotular Nico como inocente, o filme acaba simplificando uma situação que já era suficientemente grave. O assassinato de um prisioneiro sob custódia bastaria para expor a falha de Walker, sem a necessidade de transformá-lo em um personagem completamente isento de culpa.