O filme Lightyear, lançado pela Disney e Pixar em 2022, enfrentou uma recepção bem abaixo do esperado tanto em termos de crítica quanto de bilheteria. Mesmo com um elenco de vozes estrelado por Chris Evans e Keke Palmer, o spin-off de Toy Story foi considerado um fracasso financeiro pela Pixar, com uma série de fatores sendo apontados como os motivos principais. Entre eles, um beijo entre personagens do mesmo sexo gerou polêmica e até proibições em diversos mercados.
Em alguns países, Lightyear foi banido dos cinemas devido à inclusão de um casal do mesmo sexo, o que afetou diretamente a performance do filme em mercados importantes como a China, que representa uma grande parte da receita global de bilheteria. Além disso, em alguns países onde o filme foi permitido, ele recebeu classificações indicativas elevadas, como +16 e +18, o que limitou ainda mais o acesso a audiências mais jovens.
Em regiões como o Oriente Médio, a animação nem sequer chegou a ser disponibilizada na plataforma Disney+. Essas restrições contribuíram para um desempenho abaixo do esperado em todos os sentidos.
Críticas internas e falha de conexão com o público
Pete Docter, chefe de criação da Pixar, sugeriu que parte do fracasso de Lightyear se deveu à desconexão entre as expectativas dos fãs e o filme entregue. Segundo ele, os espectadores esperavam encontrar personagens icônicos de Toy Story como Woody e Sr. Cabeça de Batata, e ao invés disso, se depararam com uma história de ficção científica mais séria.
“Pedimos demais do público. Quando eles ouvem Buzz, eles ficam tipo, ótimo, onde está o Sr. Cabeça de Batata, Woody e Rex? E então os colocamos em um filme de ficção científica que eles dizem: ‘O quê?’”, afirmou Docter.
Já o diretor do filme, Angus MacLane, admitiu que não conseguiu identificar com clareza os motivos do fracasso comercial, atribuindo as críticas negativas aos “trolls da internet” que, segundo ele, não assistiram ao filme, mas disseminaram críticas.
Culpa sobre o beijo gay
Agora, segundo ex-funcionários da Pixar, fontes internas da Disney teriam atribuído grande parte do fracasso comercial ao beijo entre personagens do mesmo sexo. O beijo foi inicialmente removido do filme, mas acabou sendo reinstaurado após protestos dos próprios funcionários da Pixar, que criticaram a liderança por censurar expressões de afeto LGBTQ+ em suas produções.
“Ainda é uma questão. A liderança menciona especificamente Lightyear e diz, ‘Oh, Lightyear foi um fracasso financeiro porque tinha um beijo queer nele’”, relatou uma fonte ao site IGN.
Esse incidente gerou desconforto entre funcionários LGBTQ+ e aliados dentro da empresa, especialmente num momento em que a Disney enfrentava protestos relacionados à sua resposta ao polêmico projeto de lei “Don’t Say Gay” da Flórida.
Impacto em outras produções da Pixar
Após o desempenho decepcionante de Lightyear, fontes indicam que a Pixar passou a evitar riscos criativos, tanto na escolha de histórias quanto em nomeações de diretores. A aparente hesitação em abordar temas LGBTQ+ também teria afetado o desenvolvimento de Divertida Mente 2, com relatos de que esforços foram feitos para que a personagem Riley parecesse “menos gay”.
Fontes relataram ao IGN que houve edições para garantir que a relação entre Riley e Val fosse vista como estritamente platônica.
Essas decisões, segundo os envolvidos, refletem uma tentativa da Disney de criar histórias “universais” que possam ser aceitas por todos os públicos, sem toques de controvérsia.
Sinopse de Lightyear
Lightyear acompanha o patrulheiro espacial Buzz Lightyear, dublado por Chris Evans, em sua tentativa de retornar para casa após ficar preso em um planeta distante. Ele é acompanhado por Sox, um gato-robô dublado por Peter Sohn, e uma Patrulha Júnior composta por Izzy Hawthorne (Keke Palmer), Mo Morrison (Taika Waititi) e Darby Steel (Dale Soules). O principal antagonista do filme é Zurg, uma presença ameaçadora interpretada por James Brolin, que comanda um exército de robôs com um plano misterioso.
O filme foi dirigido por Angus MacLane, conhecido por seu trabalho em Procurando Dory, e produzido por Galyn Susman. A trilha sonora é de Michael Giacchino, compositor premiado por seu trabalho em filmes como Up: Altas Aventuras e Batman.
Lightyear está disponível no Disney+.