Quarteto Fantástico: Por que contar origem dos heróis já não é prioridade no cinema

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O novo filme do Quarteto Fantástico chegou aos cinemas com uma mudança importante em relação às versões anteriores. Em vez de focar nas origens dos personagens, Primeiros Passos vai direto ao ponto, apostando que o público já conhece bem esses heróis.

Ao deixar de lado a história de como eles ganharam seus poderes, o filme abre espaço para outras situações e mostra um grupo já formado, com vidas próprias e questões mais desenvolvidas.

Durante muito tempo, a fórmula dos filmes de super-heróis incluía mostrar, logo de cara, como o personagem principal ganhou seus poderes. Isso valia para praticamente todos, de Homem-Aranha e X-Men, passando por Batman, Demolidor e até recomeços como O Homem de Aço e O Espetacular Homem-Aranha.

Hoje, com mais de duas décadas de filmes no gênero, o público já viu essas histórias diversas vezes. Diretores não precisam mais gastar tanto tempo explicando o começo de tudo.

Um exemplo disso foi Jon Watts, que comandou Homem-Aranha: De Volta ao Lar. Em vez de repetir a origem de Peter Parker, ele apresentou um herói já em ação, o que funcionou bem.

O mesmo tem acontecido em produções recentes. No início de Batman, Bruce Wayne deixa claro que já atua como vigilante há dois anos. Já no novo Superman, a introdução informa que Clark Kent está em sua terceira aventura.

No Universo Cinematográfico da Marvel, só dois heróis pularam totalmente a origem: Pantera Negra e Homem-Aranha. Coincidentemente ou não, esses dois se tornaram alguns dos mais populares da franquia.

Essas escolhas mostram que os estúdios estão confiando mais no público, evitando repetir fórmulas e apostando em histórias mais diretas. Além disso, esses filmes têm se saído muito bem nas bilheterias.

Antigas versões do Quarteto dificultavam o desenvolvimento da história

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As duas versões anteriores do Quarteto Fantástico mostraram detalhadamente como o grupo se formou. Isso não foi um problema na época, mas hoje parece desnecessário.

Primeiros Passos resolve isso com um resumo rápido no início e segue em frente. Já a versão de 2005 tinha o estilo da época: com piadas e bem diferente dos quadrinhos. O foco era o time aprendendo a lidar com seus novos poderes. Só no final eles se uniam de verdade, e a evolução dos personagens acontecia apenas na continuação, Quarteto Fantástico e o Surfista Prateado.

Nesse segundo filme, apesar das críticas, os personagens tiveram mais espaço para crescer. Sue e Reed estavam organizando o casamento, Ben aceitava melhor sua condição e se aproximava de Alicia, e Johnny começava a amadurecer. Até o Surfista Prateado ganhou uma abordagem mais humana. Primeiros Passos enxergou esses pontos positivos e decidiu seguir esse caminho.

A versão de 2015 mostra bem como insistir em contar a origem pode atrapalhar. A ideia inicial do diretor Josh Trank era mostrar a transformação do grupo como algo sombrio, com elementos de terror e experiências do governo.

Mas o filme ficou preso nessa origem longa demais. Eles só ganham seus poderes depois de quase uma hora de filme, e o resto da história gira em torno de fugas e traumas.

Primeiros Passos conseguiu fugir desse padrão.

Um grupo já formado

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No novo filme, o Quarteto Fantástico já existe e é conhecido pelo mundo. Eles são famosos, têm fãs e produtos com seus rostos. A origem aparece apenas em um resumo nos primeiros minutos, e isso permite que o enredo explore outras questões.

Sue e Reed, por exemplo, estão casados e esperando um filho. Esse detalhe transforma a ideia de “família encontrada” em uma família de verdade, com responsabilidades e prioridades mais pessoais. Salvar o mundo continua fazendo parte da rotina, mas agora o risco tem outro peso.

Ben Grimm, o Coisa, também ganha mais espaço para mostrar um lado pouco explorado nas versões anteriores. Em vez de ser apenas o fortão do grupo, ele aparece como um personagem inteligente e reflexivo, o que é mais fiel aos quadrinhos. Ben precisa lidar com o que passou, entender o que sua transformação significou, e encontrar um novo sentido para sua vida.

É um tipo de conflito que lembra o de Bruce Banner nos filmes dos Vingadores, mas que na prática ficou mais nos bastidores. Primeiros Passos coloca esse dilema em primeiro plano, algo que não seria possível se o filme tivesse se prendido à origem do grupo.

Ao simplificar o começo, o filme conseguiu mostrar os personagens em outro momento de suas vidas. Eles já enfrentaram os primeiros passos, e agora podem evoluir de formas mais interessantes para o público que os acompanha há tanto tempo.

Quarteto Fantástico: Primeiros Passos já está em cartaz nos cinemas.

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