A série Os Simpsons é conhecida por fazer piada com tudo e todos, sem restrições. No entanto, alguns elementos foram removidos ao longo do tempo, incluindo o personagem Apu, o caixa do Kwik E-Mart que foi motivo de acusações de injúria racial da comunidade indiana. Todos os episódios das temporadas 1 a 34 da animação podem ser encontrados no Star+ (e no Disney+ em outros países), exceto um.
Os Simpsons está no ar desde 1989. No entanto, só se tornou propriedade da Disney em março de 2019, quando a empresa comprou a 20th Century Fox e, assim, adquiriu sua divisão de televisão. Logo após, a Disney anunciou que sua plataforma de streaming incluiria toda a biblioteca de mais de 500 episódios do programa, para a alegria dos fãs de longa data. Mas quem planejava assistir a série inteira pode ter percebido uma lacuna.
“Papai Muito Louco” é o primeiro episódio da terceira temporada de Os Simpsons, lançada em setembro de 1991, um dos primeiros anos do programa, e ele está ausente das plataformas de streaming da Disney no mundo todo por um motivo muito específico.
O Michael Jackson de Os Simpsons
Quando Homer chega a um asilo, ele é colocado em um quarto com um homem que se apresenta como Michael Jackson. No entanto, o personagem não é o famoso cantor, mas sim um grande homem branco que acredita ser o Rei do Pop. Sua única semelhança real com o falecido cantor vem na forma de sua voz em falsete, que o verdadeiro Michael Jackson forneceu em uma participação especial não creditada.
Polêmicas do Rei do Pop
Quando o episódio estreou em 1991, Michael Jackson era uma enorme celebridade. Isso torna o episódio ainda mais engraçado, quando Homer não reconhece o nome e aceita a identidade do colega de quarto como verdadeira. Em 2019, no entanto, a reputação póstuma de Jackson mudou drasticamente, tomando um rumo sombrio poucos meses antes do lançamento do Disney+.
Michael Jackson enfrentou inúmeras acusações de pedofilia durante sua vida, principalmente ao longo dos anos 90 e início dos anos 2000. Todos esses casos foram resolvidos fora dos tribunais, embora a reputação de Jackson tenha sido permanentemente manchada devido às controvérsias.
Em janeiro de 2019, a HBO lançou o documentário Deixando Neverland, onde Wade Robson e James Safechuck mais uma vez acusaram Jackson de abusá-los sexualmente quando eram atores mirins. Embora as alegações já tivessem causado estrago aos olhos do público décadas antes, Deixando Neverland terminou de arruinar a reputação de Michael Jackson.
O documentário recebeu aclamação, ganhando um Prêmio Emmy Primetime de Melhor Documentário, entre outros elogios. Ao mesmo tempo, o filme também reintroduziu o mundo ao lado sombrio da vida do astro. O espólio de Michael Jackson condenou o documentário por supostas imprecisões, incluindo os depoimentos originais das vítimas sob juramento, mas muitas pessoas se tornaram ainda mais avessas à música e ao status de celebridade do cantor após assistir ao filme.
Entre essas pessoas estava o produtor e roteirista de Os Simpsons, Al Jean, que disse ao The Daily Beast que Michael Jackson poderia ter usado sua participação nesse episódio para manipular e ganhar a confiança de uma geração mais jovem. Pouco tempo depois, um dos criadores de Os Simpsons, James L. Brooks, anunciou que o episódio seria retirado da televisão, do site sob demanda do canal FXX, e das futuras edições em DVD da Temporada 3.
Dessa forma, os executivos da Disney seguiram o exemplo, e quando o programa encontrou seu novo lar de streaming no Disney+ (e Star+ na América Latina), “Papai Muito Louco” não foi inserido no catálogo. A sinopse oficial do episódio dizia: “Homer é confundido com doente mental e internado em uma casa de repouso, onde conhece Michael Jackson.”
As temporadas 1 a 34 de Os Simpsons estão disponíveis no Star+.