
A queda nas bilheteiras segue como tema em Hollywood. Nos primeiros meses de 2025, os números foram considerados fracos para a indústria. Mesmo com a chegada de Superman, dirigido por James Gunn, a bilheteria parou em cerca de 600 milhões de dólares. Embora seja um valor expressivo, está longe dos grandes sucessos anteriores a 2019, quando blockbusters ultrapassavam a marca de um bilhão com frequência. Em 2025, o remake em live-action de Lilo & Stitch foi o único a conseguir tal feito.
A Marvel também não teve resultados acima desse patamar em suas três estreias do ano, todas abaixo de 600 milhões. Outro exemplo foi F1 – O Filme, produção de corrida estrelada por Brad Pitt, que apesar do alto orçamento e da forte campanha de marketing, também não conseguiu ultrapassar esse teto.
Os estúdios têm enfrentado não apenas concorrência de outros lançamentos, mas também um público que parece menos disposto a ir ao cinema. Isso automaticamentr traz uma pergunta que a indústria tenta responder: por que tantas pessoas preferem esperar alguns meses e assistir aos filmes em casa, em vez de viver a experiência da tela grande?
O desgaste da experiência nos cinemas

Relatos comuns ajudam a entender parte do cenário. Muitos reclamam do preço cada vez mais alto de ingressos e das pipocas, do desconforto em salas malcuidadas e até da dificuldade de concentração quando outras pessoas ficam mexendo no celular durante o filme.
Outro ponto que desagrada é o excesso de propagandas antes das sessões. Algumas redes chegam a exibir mais de 30 minutos de trailers e comerciais antes do longa começar. Para quem já enfrenta trânsito, filas e valores elevados, esse tempo extra contribui para a sensação de que não vale tanto a pena.
Em contrapartida, em casa basta ligar a televisão, computador, tablet ou celular para ter acesso imediato a milhares de opções de filmes e séries, muitas delas disponíveis poucos meses após a estreia nos cinemas. O streaming oferece conveniência, preço mais acessível e a possibilidade de pausar ou rever cenas.
Stephen King, no entanto, acrescentou outro elemento a essa discussão: as legendas.
A teoria de Stephen King sobre as legendas
Em uma postagem no Threads, o autor de It: A Coisa e O Iluminado apontou que a dificuldade de compreender os diálogos em muitos filmes tem afastado parte do público das salas de cinema.
“A vantagem óbvia do streaming sobre o cinema é que você pode assistir em casa. A arma secreta dos streamings, especialmente em filmes com sotaques fortes: as legendas”, escreveu King.

Segundo ele, a forma de atuar de muitos atores mais jovens torna a compreensão mais difícil. “Os jovens atores, em particular, não parecem entender projeção. Talvez porque trabalhem em TV e filmes sem experiência de palco”, afirmou.
Essa crítica está relacionada ao estilo que domina muitas produções recentes, no qual os atores falam de maneira mais contida, sem projetar a voz.
O objetivo é criar diálogos que pareçam espontâneos, mas, para parte do público, o resultado é uma fala baixa, com palavras engolidas e pouco nítidas. No cinema, sem legenda, acompanhar cada detalhe da trama pode se tornar frustrante.
Por que tanta gente usa legendas em casa?
Uma pesquisa do IndieWire apontou que cerca de metade das pessoas que consomem filmes e séries em casa ativam as legendas, mesmo quando o conteúdo está no próprio idioma.
Uma das principais razões é o som desequilibrado nas televisões modernas. Muitas produções são mixadas para sistemas de áudio de cinema, com múltiplos canais, mas quando essa mesma trilha é reproduzida em uma TV comum, o resultado costuma deixar os diálogos baixos e as cenas de ação exageradamente altas. Quem nunca teve que assistir a um filme com o controle para subir e descer o volume o tempo todo?
As legendas funcionam como uma solução prática para esse problema. Além disso, ajudam a manter a concentração. Com o texto na tela, o espectador se prende mais ao que está acontecendo, reduzindo a tentação de checar o celular ou se distrair com outras tarefas.
Outro fator importante é a variedade de sotaques e idiomas em filmes e séries atuais. Produções de todos os cantos do mundo estão mais acessíveis do que nunca, mas acompanhar diferentes entonações pode ser um desafio sem legenda.
A diferença entre cinema e streaming

No cinema, o público depende da qualidade do som da sala e da articulação dos atores. Já em casa, pode ajustar o volume, retroceder uma cena ou simplesmente ativar as legendas.
Essa liberdade deixa a experiência mais confortável e previsível, mesmo que a tela seja menor do que a de um cinema.
Stephen King aponta que a ausência desse recurso no cinema acaba sendo uma desvantagem para as salas. Enquanto no streaming as legendas estão a um clique de distância, nos cinemas a experiência é única e sem ajustes, o que pode afastar quem sente dificuldade em acompanhar os diálogos.
A teoria de King levanta um ponto que vale a pena ser analisado. Se parte do problema está na clareza dos diálogos, será que mudanças no padrão de mixagem de som poderiam melhorar a compreensão? E se os atores voltassem a priorizar a projeção da voz, como no teatro, a experiência nos cinemas seria mais clara?
Ainda não há respostas para essas questões e, enquanto isso, os streamings continuam a atrair o público com praticidade, catálogos extensos e, claro, a opção de ligar as legendas quando necessário.