Lançado em 2010, Enrolados se tornou um dos filmes de princesa mais populares da Disney, marcando o retorno do estúdio às animações em computação gráfica com um conto de fadas cheio de aventura e humor.
No entanto, o caminho para o lançamento passou por várias mudanças, incluindo uma das mais marcantes: a alteração do título original.
A decisão da Disney de renomear o filme foi estratégica e envolveu mais do que uma simples escolha de palavras.
O título original e a inspiração da Disney
A ideia inicial para o filme surgiu nos anos 1990, quando o renomado animador Glen Keane começou a desenvolver um projeto baseado no conto dos Irmãos Grimm, Rapunzel.
Inicialmente, a Disney queria modernizar a história para competir com animações de sucesso da DreamWorks, como Shrek.
Em um dos primeiros conceitos, o filme teria o título Rapunzel Sem Tranças e acompanharia dois adolescentes de São Francisco transportados para um mundo mágico, onde se transformariam em Rapunzel e seu príncipe.
Nessa versão, de acordo com o Christianity Today, os personagens do conto original seriam transformados em animais, como um esquilo e um cachorro.
Keane, no entanto, sentiu que essa abordagem tirava a essência da história e optou por um tom mais clássico, sem perder o dinamismo e a leveza da animação moderna.
Com a saída de Keane em 2008, os diretores Byron Howard e Nathan Greno assumiram o projeto, que passou a focar na jornada de Rapunzel e no desenvolvimento de um coprotagonista, Flynn Rider, o José Bezerra.
Por que Enrolados e não Rapunzel?
Por décadas, os filmes de princesa da Disney foram centrados quase exclusivamente nas protagonistas femininas, como Branca de Neve, Cinderela e A Bela Adormecida.
Embora A Bela e a Fera e A Pequena Sereia tivessem príncipes com papéis mais ativos, a trama ainda girava em torno da heroína.
Enrolados trouxe um formato diferente ao apresentar Rapunzel e Flynn como personagens igualmente importantes. A história começa com José Bezerra narrando sua própria trajetória e dando um tom mais dinâmico à aventura.
A decisão de mudar o título veio depois do desempenho abaixo do esperado de A Princesa e o Sapo (2009). O estúdio acreditava que o termo “princesa” no título poderia afastar parte do público masculino.
Para evitar o mesmo problema, a Disney optou por um nome mais neutro, que destacasse a dinâmica dos protagonistas em vez de focar apenas em Rapunzel.
A recepção da mudança
Nem todos ficaram satisfeitos com a escolha. O animador Floyd Norman, que trabalhou na Disney e na Pixar, criticou a decisão, dizendo que a mudança era uma tentativa desesperada de encontrar o público certo.
Os diretores Byron Howard e Nathan Greno, por outro lado, defenderam o título. Segundo eles, assim como Toy Story não se chamou Buzz Lightyear, Enrolados precisava de um nome que refletisse a história de dois personagens em vez de apenas um.
A alteração parece ter funcionado
Com um orçamento de US$ 260 milhões, Enrolados foi um dos filmes mais caros da Disney até então. Apesar das dúvidas sobre o título, o filme se tornou um sucesso, arrecadando mais de US$ 590 milhões mundialmente e conquistando um público amplo.
A estratégia de marketing também reforçou a presença de Flynn Rider nos materiais promocionais, equilibrando a atenção entre os protagonistas e garantindo que o filme fosse atraente para diferentes audiências.
A mudança do título foi um reflexo das decisões da Disney para ampliar seu público e redefinir o estilo de seus filmes de animação.
Mesmo assim, a discussão sobre o impacto desse tipo de rebranding ainda continua entre fãs e críticos. E você, o que acha da mudança?
Enrolados está disponível no Disney+.