A nova série sul-coreana Polaris: Conspiração Política estreou em setembro e rapidamente subiu no ranking de popularidade do Disney+, não apenas na Coreia do Sul, mas também em Taiwan, Singapura e Hong Kong. O destaque principal é o retorno de Jun Ji-hyun (também chamada de Gianna Jun), que ficou quatro anos longe da televisão. Dessa vez, ela interpreta uma personagem mais sombria e envolvida em disputas políticas, diferente dos papéis românticos que marcaram sua carreira.
Mas, junto ao sucesso, a produção também trouxe polêmica. Algumas cenas desagradaram, e muito, o público chinês, que passou a criticar a série e a própria atriz, além de organizar campanhas por boicotes a marcas associadas a ela.
A trama de Polaris: Conspiração Política
A história acompanha Seo Munju (Jun Ji-hyun), uma ex-diplomata que, após um atentado contra seu marido político, mergulha em uma investigação sobre o passado dele.
Munju descobre segredos de Estado e conspirações que chegam até a Casa Branca, tornando-se alvo de ataques de diferentes lados.
Ao seu lado, ela conta com Paik Sanho (Gang Dong-won), um guarda-costas com histórico suspeito. Durante os episódios, a dupla precisa enfrentar ameaças constantes enquanto tenta decifrar a teia de mentiras que envolve o poder.
O elenco inclui ainda John Cho, Won Ji-an, Park Hae-joon, Lee Mi-sook, Oh Jung-se e Kim Hae-sook.
Os motivos do boicote
Logo após a estreia, trechos da série passaram a circular nas redes sociais chinesas e provocaram críticas intensas.
Em uma dessas cenas, a personagem Munju diz: “Por que a China prefere a guerra? Uma bomba nuclear poderia cair perto da fronteira.” A fala foi vista como muito ofensiva e como uma caracterização excessivamente negativa do país.
Outra sequência mostra a cidade chinesa de Dalian em estado de abandono, além de um jantar sobre um tapete vermelho com estrelas amarelas que lembram a bandeira nacional do país. Esses elementos foram apontados por internautas como representações negativas e distorcidas da realidade.
Até a pronúncia de Jun Ji-hyun ao recitar um poema chinês virou alvo de críticas. Apesar de variações regionais de sotaque e dialeto, muitos usuários no Weibo, a versão chinesa do X. consideraram a entonação inadequada, o que só serviu para ampliar o clima de insatisfação.
Com isso, campanhas online pediram que grandes marcas rompessem contratos com a atriz. De acordo com a BBC, empresas como La Mer, Louis Vuitton e Piaget removeram Jun Ji-hyun de suas redes sociais.
A agência da atriz, porém, informou à emissora MBC que o fim dessas campanhas já estava previsto antes mesmo da estreia da série.
Coreia do Sul x China
O boicote ganhou força porque toca em uma questão maior: a relação cultural entre Coreia do Sul e China. Desde 2016, após a instalação do sistema antimísseis THAAD, a China passou a limitar produtos culturais sul-coreanos. Shows, séries e até comerciais com artistas coreanos foram afetados.
Nos últimos anos, houve uma tentativa de reaproximação. Em 2025, o Ministério das Relações Exteriores da Coreia do Sul anunciou negociações para retomar intercâmbios culturais. Em abril, o grupo de hip-hop Homies se apresentou na China, tornando-se a primeira banda coreana a subir em um palco local em quase dez anos.
Porém, a repercussão de Polaris: Conspiração Política reacendeu pressões internas para que o país volte a restringir a presença de produções coreanas em seu mercado.
Apesar da controvérsia, Polaris: Conspiração Política segue em alta no Disney+, misturando ação, traições e romance político em seu enredo. A primeira temporada tem 9 episódios, que estão sendo lançados de 2 em 2, sempre às quartas-feiras no streaming.