
O documentário Perdidos na Amazônia, lançado no Disney+ em 13 de setembro de 2025, revive a impressionante história de quatro irmãos indígenas que sobreviveram por 40 dias na floresta colombiana após a queda de um avião. A produção é dirigida pelos vencedores do Oscar Jimmy Chin e Chai Vasarhelyi (Free Solo), em parceria com o cineasta colombiano Juan Camilo Cruz.
A tragédia ocorreu quando o Cessna em que viajavam caiu, matando a mãe das crianças, Magdalena Mucutuy, e o piloto da aeronave. Os irmãos Lesly (13 anos), Soleiny (9), Tien (5) e Cristin (11 meses) conseguiram sobreviver sozinhos no coração da selva até serem resgatados.
O grande diferencial deste documentário
Essa não é a primeira vez que a história chega às telas. Em 2024, a Netflix lançou As Crianças Perdidas, e o Prime Video exibiu Operação Esperança: As Crianças Perdidas na Amazônia.
O que diferencia Perdidos na Amazônia, da National Geographic, é o fato de os diretores terem conseguido os direitos oficiais da história, permitindo que as próprias crianças participassem e contassem sua experiência no filme.
“Foi muito importante para mim permitir que as crianças contassem sua história com suas próprias palavras, e isso exigiu paciência, negociações e a união de vários interesses diferentes.”, afirmou Vasarhelyi.
Segundo os diretores, conquistar a confiança das famílias e das organizações responsáveis pelo cuidado das crianças após a tragédia foi fundamental.
“Foi provavelmente o filme mais complicado que já fiz em termos de acesso.”, disse Vasarhelyi.
Cruz complementou: “Conforme mergulhávamos na história, descobríamos mais personagens e a profundidade do que havia acontecido. Por isso, reunimos uma diversidade de vozes no filme. Foi um trabalho que exigiu muita energia e habilidade para organizar tudo isso.”
Apoio psicológico

As entrevistas com os irmãos foram realizadas com acompanhamento psicológico e apoio especializado, o que garantiu segurança durante o processo.
“Acho que dar às crianças a oportunidade de ter posse de sua história devolveu a elas uma voz que não tiveram por tanto tempo.”, explicou Cruz.
Vasarhelyi reforçou que houve um cuidado especial com a compensação dos irmãos: “Criamos um fundo para eles e pagamos pelos direitos, porque isso é o justo. Nesse filme em particular, as crianças contando sua própria história, acredito, pode fortalecê-las e também protegê-las de alguma forma.”
Técnicas visuais e reconstruções

Para ilustrar o relato dos sobreviventes, a produção utilizou desenhos em linha, que servem para destacar a força das palavras das crianças.
“Acho que a animação pode ser manipuladora, mas essas ilustrações direcionam o foco para o que foi dito de verdade por elas e ajudam a imaginar como deve ter sido estar na selva.”, comentou Vasarhelyi.
Cruz destacou a precisão das reconstituições feitas no documentário: “Tivemos o privilégio de levar as pessoas reais de volta à Amazônia. Os indígenas são muito fiéis à verdade em sua forma de contar histórias, e o exército também é muito rigoroso. Cada situação recriada foi muito próxima do que realmente aconteceu, desde os cenários até a forma como todos estavam posicionados.”
Um olhar diferenciado sobre a sobrevivência
Perdidos na Amazônia apresenta a jornada dos quatro irmãos com um acesso inédito e direto, unindo relatos pessoais, reconstruções fiéis e a perspectiva de quem viveu o drama.
Para os diretores, o maior valor do documentário está justamente no protagonismo das próprias crianças, que finalmente puderam narrar sua história.
Além do acesso inédito à história, Perdidos na Amazônia também chamou atenção da crítica especializada. No Rotten Tomatoes, o documentário alcançou 100% de aprovação, uma das produções mais bem avaliadas de 2025 que reforça a importância do relato direto das crianças e o cuidado dos diretores na forma de contar essa sobrevivência extraordinária.