
A novela bilionária pela compra da Warner Bros. Discovery ganhou um novo e explosivo capítulo. Horas depois de a Paramount Skydance anunciar oficialmente sua oferta hostil para tentar tomar a WBD, o CEO da Netflix, Ted Sarandos, respondeu em tom firme e deixou claro que não pretende recuar da aquisição anunciada na semana passada.
Durante uma conferência do banco UBS, em Nova York, Sarandos minimizou completamente a manobra agressiva da Paramount. Para ele, não há motivo para preocupação:
“O movimento de hoje era totalmente esperado. Nós já temos um acordo fechado, e estamos extremamente satisfeitos. É ótimo para os acionistas, ótimo para os consumidores.”
Ele ainda reforçou que a Netflix confia que o negócio será aprovado pelos órgãos regulatórios:
“Estamos super confiantes de que vamos concluir a transação. Estamos prontos.”
Paramount reage e diz que “o dinheiro fala mais alto”
A resposta veio rápido. Em entrevista à CNBC, o CEO da Paramount Skydance, David Ellison, rebateu a declaração de Sarandos e ressaltou que sua oferta é financeiramente superior. Enquanto o acordo da Netflix avalia as ações da WBD em US$ 27,75, a proposta da Paramount é inteiramente em dinheiro, oferecendo US$ 30 por ação.
Ellison foi direto: “o dinheiro fala mais alto.”
O executivo tenta convencer os acionistas de que sua oferta é mais segura e vantajosa, além de destacar um ponto sensível: o medo de que a Netflix prejudique o mercado de cinema e streaming caso assuma a Warner Bros.
Críticas públicas ao acordo da Netflix
Ellison explorou o clima de tensão que já existe em Hollywood desde o anúncio inicial da fusão Netflix + WBD, citando reações de dentro da indústria:
• O Writers Guild of America (WGA) já pediu oficialmente que o acordo seja bloqueado.
• James Cameron e Jane Fonda classificaram a possível fusão como um desastre para os cinemas.
Ellison reforçou que a Paramount pretende expandir o número de produções tanto da Warner Bros. quanto de seus próprios estúdios, chegando a mais de 30 filmes lançados por ano nos cinemas.
“Vamos atender às necessidades do público que vai às salas de cinema”, afirmou, mirando diretamente na crítica que muitos fazem à Netflix: seu desinteresse por janelas de exibição tradicionais.
Netflix retruca e defende sua política de lançamentos
Sarandos tentou rebater essa narrativa, lembrando que a Netflix também coloca filmes nos cinemas quando necessário:
“Nós lançamos cerca de 30 filmes no cinema este ano. Não temos oposição à experiência cinematográfica, apenas às janelas exclusivas longas, que não são tão amigáveis para o consumidor.”
É o contraponto clássico da Netflix: a empresa defende lançamentos rápidos no streaming, sem meses de exclusividade nas telonas.
A disputa escalou, e agora vale tudo
O embate entre Ellison e Sarandos deixou claro que a guerra está declarada. Ainda que a Netflix e a Warner Bros. Discovery tenham anunciado um acordo preliminar, nada está garantido:
• Acionistas da WBD ainda precisam votar
• Reguladores nos EUA e no exterior vão avaliar o negócio
• O próprio presidente Donald Trump já sinalizou interesse em influenciar o processo
E, agora, com a Paramount entrando agressivamente no jogo, o cenário fica ainda mais imprevisível.
Quem vence essa batalha?
É impossível prever. Os dois lados apresentam argumentos fortes e prometem vantagens enormes para Hollywood, mas a verdade é que o resultado deve favorecer mais os gigantes que disputam a WBD do que o mercado ou o público.
Seja qual for o desfecho, uma coisa é certa: a luta pelo controle da Warner Bros. virou o maior drama corporativo da década, digno de um blockbuster próprio.
Fonte: Deadline