Com a 97ª edição do Oscar e Conan O’Brien assumindo o posto de apresentador, muitas expectativas giram em torno de como ele conduzirá a premiação. O’Brien já apresentou outros eventos, como o Emmy, mas essa será sua primeira vez no comando da maior premiação do cinema.
Entre números musicais, esquetes e brincadeiras com os indicados, ele terá várias opções para entreter o público.
Mas se há uma coisa que ele talvez queira evitar, é repetir o erro de 1989 – quando o Oscar colocou Branca de Neve no palco de uma forma que resultou em um processo movido pela própria Disney.
Branca de Neve no Oscar de 1989
A cerimônia daquele ano começou com um número musical que até hoje é lembrado de forma constrangedora.
Para abrir a premiação, a atriz Eileen Bowman apareceu caracterizada como Branca de Neve, interagindo com figuras de Hollywood e, em determinado momento, subindo ao palco para cantar uma versão modificada da música Proud Mary, da banda Creedence Clearwater Revival.
Ao lado dela estava Rob Lowe, que também participou da performance. A canção teve a letra alterada para se encaixar na personagem e, de forma geral, a apresentação causou estranheza no público e na crítica.
A recepção foi tão negativa que grandes nomes da indústria, incluindo Paul Newman e Julie Andrews, assinaram uma carta aberta criticando a cerimônia e sua tentativa falha de glamour. Mas o problema não parou por aí.
A Disney, que não havia autorizado o uso da personagem no evento, processou a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas por apropriação indevida de sua propriedade intelectual.
Você pode assistir a apresentação abaixo:
Disney exigiu desculpas e ação rápida
Na época, o Oscar não era transmitido pela ABC, canal que pertence à Disney. Isso significa que a empresa não teve envolvimento prévio na decisão de incluir Branca de Neve no número de abertura.
Com isso, a reação foi imediata. A Disney não só processou a Academia, como exigiu um pedido de desculpas oficial. O então presidente da organização, Richard Kahn, rapidamente se pronunciou, e a Disney retirou o processo poucos dias depois.
A situação serviu como um alerta sobre o uso de personagens protegidos por direitos autorais em eventos de grande porte.
Um erro que o Oscar não quer repetir
Diferente do escândalo envolvendo Will Smith e Chris Rock em 2022, que aconteceu ao vivo e sem planejamento, o número musical de 1989 foi cuidadosamente ensaiado – mas ainda assim resultou em um dos momentos mais criticados da história da premiação.
Allan Carr, produtor do evento e responsável pelo número musical, teve sua carreira prejudicada após a repercussão negativa. Já Eileen Bowman, a atriz que interpretou Branca de Neve, teria sido impedida de falar publicamente sobre o caso por anos devido a um acordo de confidencialidade.
Rob Lowe, por outro lado, levou a situação com humor e conseguiu reconstruir sua carreira nos anos seguintes, especialmente com seu papel em West Wing: Nos Bastidores do Poder.
Agora, com a Disney transmitindo o Oscar por meio da ABC, dificilmente algo semelhante aconteceria sem aprovação prévia. Mas essa história continua sendo uma lembrança de que, em eventos desse porte, nem toda ideia ousada funciona como o esperado.