A série Nove Peças se tornou a produção coreana mais assistida do Disney+ em 2025, liderando o ranking na região Ásia-Pacífico desde a estreia em maio. A produção também tem ganhado destaque em outros países, incluindo no Ocidente, segundo dados da própria Disney.
Misturando investigação policial com elementos mais lúdicos, a trama gira em torno de uma analista excêntrica e um detetive que já a considerou suspeita de um crime no passado.
Na série, Kim Da-mi interpreta Yoon Ena, uma jovem analista criminal com um jeito peculiar. Quando adolescente, ela testemunhou um assassinato que nunca foi resolvido.
Anos depois, ela entra para a divisão de crimes violentos da polícia de Seul e se vê ao lado de Kim Han-saem (Son Suk-ku), o mesmo policial que já a investigou.
O ponto de partida é uma nova onda de assassinatos, sempre acompanhados por um pedaço de quebra-cabeça desenhado à mão. Cada uma das nove peças indica um crime e forma uma imagem maior relacionada ao caso antigo.
O estilo visual da série
Segundo a vice-presidente executiva da Disney na Ásia-Pacífico, Carol Choi, em entrevista ao The Hollywood Reporter, havia dúvidas iniciais sobre a recepção da série por conta da estrutura intricada da história.
“No começo, queríamos ter certeza de que as pessoas conseguiriam acompanhar. Mas uma coisa que aprendemos foi: nunca subestime a inteligência do público.”
A direção é de Yoon Jong-bin, conhecido por filmes como Gangsters Sem Nome e O Espião que Sabia Demais. Em Nove Peças, ele buscou algo diferente, com um clima de realismo.
“Tentei pensar na série como um ‘desenho animado de mistério’, não como um romance policial. Isso ajudou a criar um tom mais leve, mesmo com temas pesados.”
A protagonista fora do padrão
O diretor conta que, inicialmente, Yoon Ena seria uma personagem mais comum nos dramas policiais: séria, forte e direta. Mas decidiu mudar essa abordagem.
“Quis fazer com que ela parecesse alguém que ficou presa no tempo, desde o trauma da adolescência. Por isso ela tem um jeito mais infantil, fantasioso, como se fosse um desenho animado vivendo no mundo real.”
Esse conceito influenciou desde o figurino até o estilo de atuação, que ficou propositalmente exagerado.
Já Han-saem ganhou elementos visuais que acompanhassem esse estilo, como o gorro e a tatuagem no pescoço, algo incomum entre policiais coreanos, mas que acabou caindo no gosto do público.
Para manter a série dinâmica, cada episódio apresenta novos personagens ligados aos crimes investigados.
Isso abriu espaço para participações de grandes nomes do cinema coreano, como Hwang Jung-min, Park Sung-woong, Ji Jin-hee e Lee Sung-min. As aparições acabaram virando um atrativo à parte.
Música
A trilha sonora, assinada por Cho Young-wuk (colaborador frequente de Park Chan-wook), foi pensada para reforçar a ambientação de cada episódio.
“Quisemos criar temas distintos para a Ena, para os eventos principais e para os momentos em que ela começa a analisar os perfis. E o tema da abertura só aparece de verdade perto do final, quando o público descobre de quem é aquela música.”
Mesmo sendo mais conhecido por filmes, Yoon adotou uma abordagem parecida na produção da série. Ele chegou a fazer storyboards detalhados para os 11 episódios, o que levou cerca de seis meses.
“Foi bem exaustivo. O volume de trabalho foi cinco vezes maior do que um filme. Mas consegui aplicar entre 80% e 90% da preparação que faria num longa.”
Temporada 2? Só se tudo se alinhar
Apesar do sucesso, ainda não há confirmação oficial de uma nova temporada. O diretor está envolvido na preparação de um novo filme, projeto que ele tenta realizar há dez anos.
Sobre voltar para uma segunda temporada, ele foi direto: “Claro, por que não? Eu não gostaria de ficar de fora.”