
O Disney+ está prestes a lançar um documentário que mergulha em um dos casos mais trágicos da indústria do cinema nos últimos anos: Last Take: Rust and the Story of Halyna, que estreia no Brasil no dia 18 de abril de 2025. O título, que ainda não ganhou uma tradução oficial por aqui, pode ser entendido como “Última Tomada: Rust e a História de Halyna” – uma referência à última cena filmada antes do acidente fatal no set do filme Rust, além de um foco na vida da cineasta Halyna Hutchins.
O documentário chega ao Brasil com mais de um mês de atraso, já que nos Estados Unidos ele foi lançado pelo Hulu em 11 de março, mas agora os brasileiros poderão acompanhar essa história contada por quem viveu os acontecimentos de perto.
Dirigido por Rachel Mason, uma amiga próxima de Halyna, o documentário foi um pedido de Matthew Hutchins, viúvo da cineasta, que a abordou logo após a morte da esposa, como Mason revelou em entrevista ao Filmmaker Magazine.
“O viúvo de Halyna, Matt Hutchins, me pediu para fazer o filme no dia seguinte à morte dela”, contou a diretora. A produção, feita em parceria com Story Syndicate, Anonymous Content e Concordia, busca não só investigar o acidente, mas também contar quem foi Halyna Hutchins, uma talentosa diretora de fotografia ucraniana que, aos 42 anos, já havia sido reconhecida pela American Cinematographer como uma das 10 cineastas em ascensão em 2019.
O que aconteceu no set de Rust?

O caso aconteceu em 21 de outubro de 2021, durante as gravações do faroeste Rust, no set em Bonanza City, Novo México. Rust conta a história de Harland Rust, um fora da lei que resgata seu neto Lucas da prisão após ele ser condenado por um assassinato acidental, enquanto fogem de um marshal e um caçador de recompensas na fronteira americana.
Durante um ensaio, o ator Alec Baldwin, que também era coprodutor do filme, disparou uma arma cenográfica que, por um erro, continha uma bala de verdade. O disparo atingiu Halyna Hutchins, matando-a, e feriu o diretor Joel Souza, que sobreviveu.
A investigação revelou falhas graves de segurança no set. Segundo o The Hollywood Reporter, seis balas verdadeiras foram encontradas misturadas com munições falsas, algo que chocou a equipe e os investigadores.
A armeira Hannah Gutierrez-Reed, responsável pelas armas no set, foi acusada de trazer munição real para o local e de não seguir protocolos de segurança, como detalhado em relatório da Western Wheel. Gutierrez-Reed foi condenada por homicídio culposo e cumpre uma pena de 18 meses, enquanto Alec Baldwin também enfrentou a mesma acusação, mas seu julgamento foi arquivado em julho de 2024 por má conduta da promotoria, que reteve evidências cruciais da defesa, conforme noticiado pela Variety.
As reações de Alec Baldwin e os desdobramentos

Alec Baldwin sempre defendeu que não sabia que a arma continha uma bala de verdade. Em uma declaração de seu advogado, publicada pela TIME, ele afirmou:
“Baldwin não tinha motivo para acreditar que havia uma bala de verdade na arma – ou em qualquer lugar do set. Ele confiou nos profissionais com quem trabalhava, que garantiram que a arma não tinha munições reais”.
Apesar de ter sido absolvido criminalmente, Baldwin ainda enfrenta ações civis movidas pela família de Halyna, representada pela advogada Gloria Allred, que disse à Variety: “Vamos lutar até o fim por Halyna Hutchins”.
Quando as filmagens de Rust foram retomadas, Rachel Mason teve acesso ao set para entrevistar Joel Souza e a nova cineasta, Bianca Cline, que substituiu Halyna para finalizar o filme. O documentário também explora as ações judiciais, os julgamentos e as investigações, usando registros públicos e depoimentos da equipe de Rust para entender como uma bala de verdade chegou ao set.
A produtora Julee Metz, que também era amiga de Halyna, destacou a colaboração das autoridades de Santa Fé: “Fiquei surpresa com a rapidez, precisão e profissionalismo ao lidar com os registros públicos”, disse ela ao Filmmaker Magazine.
O foco em Halyna Hutchins

Além de investigar o acidente, Last Take: Rust and the Story of Halyna busca mostrar quem foi Halyna Hutchins, uma profissional que trabalhou em mais de 30 projetos, entre longas, curtas e minisséries.
O documentário celebra sua vida e seu talento, que muitas vezes ficaram em segundo plano por causa da investigação. Mason usou entrevistas antigas de Halyna para dar voz à cineasta, como ela explicou: “Eu ouvia as entrevistas dela durante a produção, e parecia que ela estava falando comigo sobre este filme”.
A família de Halyna foi a principal preocupação de Mason. Ela compartilhou o corte final com a mãe, a irmã e Matt Hutchins, que aprovou o resultado. “Eles são o público que mais importa para mim”, afirmou a diretora, mencionando também o filho de Halyna, que poderá assistir ao documentário no futuro.
Com 90 minutos de duração, a produção chega ao Disney+ no Brasil em 18 de abril, trazendo uma visão mais humana sobre a tragédia que abalou o mundo do cinema.