Há 10 anos, Jessica Jones fez o que nenhuma outra série da Marvel teve coragem de fazer

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O universo dos super-heróis sempre teve um certo ar de fantasia e exagero. Mesmo produções mais sérias, como as de Christopher Nolan, que buscavam um tom mais realista, ainda lidavam com figuras improváveis como um homem vestido de morcego enfrentando criminosos com nomes como Coringa e Espantalho.

Mas há dez anos, uma série da Marvel que estreou na Netflix mostrou que era possível apresentar o gênero de uma forma diferente. Jessica Jones levou o mundo dos super-heróis para um território mais humano (e sombrio), tratando de temas como violência sexual e trauma psicológico.

A história de Jessica Jones

Baseada na personagem criada por Brian Michael Bendis e Michael Gaydos no início dos anos 2000, Jessica Jones se passa nas ruas de Nova York e acompanha uma heroína muito distante do padrão das histórias sobre salvar o mundo.

Interpretada por Krysten Ritter, Jessica é uma detetive particular com superforça que prefere lidar com casos locais e problemas pessoais. Ao longo de três temporadas, ela enfrenta vilões que, na maior parte das vezes, estão ligados ao seu passado, incluindo a própria mãe e um homem que a manteve sob controle mental por meses.

Mesmo com altos e baixos nas duas temporadas seguintes, a primeira fase da série se destacou por mostrar uma heroína forte, mas muito afetada por suas experiências.

Violência e trauma no centro da história

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Diferente de muitas produções de super-heróis, Jessica Jones não evita temas delicados. A série fala abertamente sobre abuso e manipulação, mostrando como poder e controle podem ser usados de maneira destrutiva.

O principal antagonista da primeira temporada, Kilgrave, o Homem-Púrpura interpretado por David Tennant, usa sua habilidade de controle mental para dominar Jessica, forçando-a a viver sob sua influência.

“Ares é todo sobre eficiência; eu o vejo como um samurai estoico, sem movimentos desperdiçados”, disse Tennant em entrevistas na época, descrevendo o vilão como alguém perigoso e manipulador.

A criadora da série, Melissa Rosenberg, nunca tratou a derrota de Kilgrave como o fim dos problemas da protagonista. Jessica continua lidando com as consequências do abuso, tentando encontrar formas de seguir em frente sem apagar o que viveu.

Essa abordagem destacou como o trauma não desaparece com um simples ato de vingança ou com a chegada de um novo amor. Ele permanece, e a série mostra que aprender a conviver com isso é parte do processo de recuperação.

A atuação de Krysten Ritter deu um toque especial à heroína. Jessica é dura, sarcástica e impulsiva, mas também vulnerável. Sua força física contrasta com a fragilidade interna que ela tenta esconder.

Além da relação com Kilgrave, a série também explora outras feridas do passado da personagem, como a perda da família e a infância conturbada em um lar adotivo abusivo. Tudo isso fez com que o público enxergasse Jessica como alguém real, com cicatrizes que não se curam facilmente.

O fim da série e a fase no Disney+

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Jessica Jones chegou ao fim em 2017, após três temporadas. A primeira foi bastante elogiada e alcançou 94% de aprovação no Rotten Tomatoes, enquanto a terceira caiu para 73%.

Mesmo com o cancelamento, a personagem continua com uma base fiel de fãs, que agora aguardam seu retorno confirmado em Demolidor: Renascido, cuja segunda temporada estreia em março de 2026 no Disney+.

Enquanto essa volta não acontece, Jessica Jones segue como uma das séries mais importantes da Marvel, por ter mostrado que histórias de super-heróis também podem lidar com realidades duras e pessoais, sem deixar de lado o gênero que as inspirou.

As três temporadas estão disponíveis no Disney+.

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