A era do streaming trouxe uma enxurrada de conteúdo original. Mas com essa avalanche de novas séries, também veio uma das maiores reclamações dos assinantes: o cancelamento frequente de programas, muitas vezes após apenas uma temporada. Nos últimos anos, a Disney, em particular, ganhou notoriedade por suas ações implacáveis nesse aspecto.
Os cancelamentos em si não são uma novidade. Desde a criação da televisão, programas têm sido interrompidos. Entretanto, com a explosão do streaming, começamos a notar um aumento significativo no número de séries descontinuadas.
A raiz desse fenômeno pode ser as mudanças drásticas nas estratégias das plataformas de streaming. Inicialmente, o foco era atrair o maior número de assinantes possível, usando programação original como isca. No entanto, com a bolha do streaming estourando e Wall Street pressionando por resultados financeiros, houve uma guinada em direção à rentabilidade.
Disney na indesejável liderança
Gigantes como Disney e Warner Bros. lideraram a corrida de cancelamentos, especialmente após a aquisição de grandes estúdios, como a 20th Century Fox e a Discovery. Ambas as empresas realizaram cortes profundos em suas programações, não apenas cancelando séries, mas também descartando-as completamente de seus catálogos.
Em 2023, a Disney não só descontinuou como removeu várias séries originais de suas plataformas de streaming, como Big Shot: Treinador de Elite, Willow, Virando o Jogo dos Campeões, A Misteriosa Sociedade Benedict e A Lenda do Tesouro Perdido: No Limiar da História. A tendência de cancelamentos continuou ao longo do ano, incluindo a recente série Doogie Kamaloha: Doutora Precoce.
Um levantamento recente realizado pela Variety destacou que a Disney é um dos piores quando se trata de cancelar programas, superando até a Netflix e o Max. De acordo com os dados coletados, as principais plataformas de streaming, que incluem Netflix, Hulu, Disney+, Amazon Prime Video, Max, Apple TV+, Peacock e Paramount+, tiveram uma taxa média combinada de cancelamento de 12,2%. Em comparação, a TV tradicional tem uma taxa de 10,8%.
No entanto, o que o gráfico não mostra é que Hulu e Disney+ operam juntos fora dos Estados Unidos e América Latina (onde temos o Star+) através das marca STAR. Ao combinarmos as taxas de cancelamento de Hulu e Disney+, a taxa sobe vertiginosamente para 36,3%. Esse valor é mais do que o triplo da Netflix, que já foi duramente criticada por cancelar muitas séries.
Os dados também mostram que a maioria dos cancelamentos ocorre após a primeira temporada. Isso se dá porque é nesse momento que uma série é classificada como sucesso ou fracasso. Se não atinge um número considerável de telespectadores, os estúdios tendem a cortar gastos e seguir para o próximo projeto.
Com o retorno do CEO da Disney, Bob Iger, estamos vendo um grande ajuste na programação, com menos projetos sendo aprovados. A ideia é economizar recursos e concentrar-se em originais de maior rentabilidade. Assim, a tendência, na teoria, é que veremos menos cancelamentos da Disney no futuro.