O lançamento de Star Wars: Episódio IV – Uma Nova Esperança, em 1977, não apenas revolucionou a indústria cinematográfica como também estabeleceu a era dos blockbusters nos anos 1970 e 1980. Contudo, o que muitos não sabem é o preço emocional e físico que tal feito exigiu dos envolvidos, especialmente de George Lucas, o criador da franquia.
A produção de Star Wars em 1976 é uma história quase tão épica quanto o filme em si, marcada por desafios e estresse, culminando em um episódio onde Lucas precisou ser hospitalizado.
Os bastidores de Uma Nova Esperança
Durante a produção de Star Wars, George Lucas enfrentou momentos de grande ansiedade, a ponto de ser hospitalizado por suspeita de ataque cardíaco. Esse episódio é detalhado por Paul Hirsch, renomado editor de Hollywood, em sua autobiografia de 2019, A Long Time Ago in a Cutting Room Far, Far Away.
Hirsch relata que, após a árdua filmagem em Londres, Lucas, acompanhado de sua então esposa, Marcia Lucas, sentiu o peso da pressão ao parar em Nova York. “A filmagem havia sido muito difícil para ele, e ele chegou a ser internado no hospital em certo ponto com dores no peito, pensando que estava tendo um ataque cardíaco“, afirma Hirsch. Felizmente, tratava-se apenas de um ataque de ansiedade, mas isso não minimiza a severidade do estresse enfrentado.
A produção em Londres foi marcada por dificuldades, incluindo desentendimentos com John Jympson, o editor britânico inicialmente contratado, que “nunca entendeu o espírito da obra e aparentemente fez questão de demonstrar seu desprezo pelo projeto“, segundo Hirsch.
Além disso, até mesmo Harrison Ford criticou abertamente o roteiro no set, exacerbando o ambiente já tenso. “George! Você pode digitar essa merda, mas com certeza não pode dizer isso!“, exclamou Ford, refletindo o ceticismo da equipe quanto ao sucesso do filme.
Da edição ao sucesso nos cinemas
Após superar a ansiedade em Nova York, Lucas enfrentou desafios na pós-produção de Uma Nova Esperança. Com John Jympson fora da equipe, Lucas recorreu a um trio de talentosos editores: sua esposa Marcia, Paul Hirsch e Richard Chew.
A fase de edição foi crucial, sendo frequentemente mencionada como o momento em que o filme foi “salvo”. No entanto, a primeira exibição para os executivos da Fox e amigos cineastas, incluindo Steven Spielberg e Brian de Palma, não foi bem recebida, principalmente devido à ausência de efeitos visuais, música e dublagem adequados.
Contra todas as expectativas, o lançamento de Star Wars em 1977 transformou-se em um sucesso inquestionável. Fatores como os efeitos visuais revolucionários da Industrial Light & Magic e a trilha sonora orquestral de John Williams foram decisivos, mas o elemento chave foi a persistência de Lucas em sua visão.
Curiosamente, Lucas não estava presente durante o lançamento, tendo optado por uma viagem ao Havaí com Spielberg, apenas reconhecendo o sucesso de seu filme após ser informado pelo produtor Alan Ladd Jr.
A saúde em primeiro lugar
O impacto do estresse na saúde de Lucas durante a produção de Star Wars levou-o a moderar seu envolvimento direto nas sequências da trilogia original. O sucesso estrondoso do primeiro filme trouxe novas responsabilidades, incluindo a gestão da Lucasfilm e da ILM, assim como a direção de uma franquia multimilionária.
Lucas optou por não dirigir as sequências, uma decisão primordialmente motivada pela preservação de sua saúde, conforme relatado em The Making of Star Wars – The Empire Strikes Back, de J.W. Rinzler. A direção de Irvin Kershner em O Império Contra-Ataca e de Richard Marquand em O Retorno de Jedi
é frequentemente elogiada, concluindo a saga de maneira épica e sem comprometer a saúde de Lucas ou de qualquer outro envolvido.
Star Wars: Episódio IV – Uma Nova Esperança está disponível no Disney+.