Ajustes internos geram preocupação entre colaboradores e reacendem debate sobre a postura da empresa
Parece que a recente reestruturação das iniciativas de diversidade, equidade e inclusão na Disney tem gerado insatisfação entre funcionários de diferentes áreas.
A decisão foi anunciada após uma série de mudanças implementadas pelo governo de Donald Trump, que eliminou programas semelhantes no setor público e pressionou empresas privadas a reverem suas políticas.
Em um memorando enviado aos funcionários na última terça-feira, Sonia Coleman, chefe de Recursos Humanos da Disney, afirmou que as mudanças foram feitas para alinhar os programas da empresa com seus objetivos de negócios e valores institucionais.
A reação interna
Apesar de discussões sobre o tema já estarem ocorrendo há quase um ano, a recente reformulação foi recebida com desconforto por parte dos funcionários.
Um empregado da empresa expressou sua frustração ao Deadline: “O que vem agora? Para onde vamos? O que defendemos agora?”
Outro colaborador, que esperava uma postura diferente da liderança da empresa, destacou a insatisfação: “Isso não é o que eu esperava do Bob Iger. Achei que ele nos apoiava.”
As mudanças incluem a remoção de um programa voltado para amplificar vozes sub-representadas e a revisão de políticas salariais relacionadas a diversidade.
Em dezembro, uma cena envolvendo uma personagem trans foi retirada da nova série Ganhar ou Perder, da Pixar, o que gerou questionamentos para alguns e alívio para outros.
Postura da liderança e impacto na imagem da empresa
A percepção entre funcionários é que a Disney já não adota a mesma postura firme em relação a temas sociais que demonstrava no passado.
Em 2018, por exemplo, o então CEO Bob Iger apoiou a decisão de cancelar o reboot de Roseanne após declarações controversas da atriz principal, mesmo diante de críticas públicas do então presidente Trump.
Agora, muitos enxergam um esforço da empresa para evitar conflitos com grupos políticos conservadores, o que também pode impactar seu relacionamento com artistas e criadores de conteúdo.
Eventos recentes aumentam o desconforto
A presença discreta de Bob Iger na pré-estreia de Capitão América: Admirável Mundo Novo foi vista por alguns como um sinal de cautela.
O CEO apareceu brevemente no tapete vermelho e assistiu ao filme no interior do cinema, sem registros públicos ao lado do elenco ou da equipe criativa.
Além disso, a reestruturação da Disney ocorre em meio a uma série de ações do governo Trump, como o corte de verbas para projetos culturais e a retirada de membros nomeados por governos anteriores do Conselho do Kennedy Center.
Ainda não está claro se a Disney manterá essa abordagem ou se ajustará sua postura diante das reações internas e externas.
O impacto dessas mudanças nos funcionários e na percepção do público será um fator determinante para os próximos passos da empresa.