
Durante a pré-produção do live-action de Moana, a Disney não só considerou o uso de Inteligência Artificial para substituir Dwayne Johnson em algumas cenas como também testou o processo. A revelação foi feita pelo Wall Street Journal, que detalhou como a empresa chegou a desenvolver um plano para usar um “dublê digital” do ator.
A ideia era que Tanoai Reed, primo e dublê oficial de Johnson, gravasse cenas específicas no lugar do ator. Depois, a empresa Metaphysic aplicaria um deepfake do rosto de Johnson sobre o corpo de Reed nas imagens finais.
A proposta permitiria que o ator aparecesse em cena mesmo sem estar fisicamente no set em determinados dias, economizando tempo e otimizando a produção.
Dwayne Johnson aprovou
O próprio Dwayne Johnson teria aprovado a proposta, de acordo com a reportagem. Ainda assim, o uso da tecnologia trouxe uma série de preocupações legais dentro da Disney.
Entre os principais pontos discutidos estavam os direitos sobre os elementos criados por IA, a segurança dos dados do ator utilizados para treinar os modelos e as implicações contratuais disso tudo.
Os advogados da Disney chegaram a expressar receio de que, caso partes do filme fossem geradas artificialmente, o estúdio não conseguisse manter a posse completa da obra final.
As negociações entre a Disney e a Metaphysic se estenderam por cerca de 18 meses. Durante esse período, foram avaliados todos os detalhes técnicos e legais da criação do dublê digital. No fim das contas, o estúdio decidiu não incluir nenhuma dessas cenas no corte final do filme, previsto para estrear no verão americano de 2025.
IA se tornou ponto sensível em Hollywood

O caso de Moana se insere em um debate maior dentro da indústria do entretenimento sobre o uso de Inteligência Artificial em grandes produções. Segundo o WSJ, o assunto tem gerado divergências internas entre executivos, equipes criativas e departamentos jurídicos de estúdios como a Disney.
A tentativa de usar IA para recriar Dwayne Johnson em cena coincidiu com um momento de negociações delicadas com sindicatos de atores e roteiristas, o que também influenciou a decisão final. O estúdio avaliou que insistir no uso da tecnologia naquele momento poderia gerar repercussão negativa e atritos com os profissionais envolvidos na produção.
A mesma preocupação levou a Disney a abandonar outra ideia envolvendo IA no filme Tron: Ares, em que um personagem seria parcialmente gerado por uma ferramenta de IA treinada com informações roteirizadas. Esse experimento também foi arquivado por receio de polêmicas.
Relação da Disney com a IA

A Disney tem adotado uma postura cautelosa com relação ao uso de IA, especialmente no que diz respeito à sua vasta galeria de personagens. O estúdio tem sido bastante rígido com o controle da propriedade intelectual e já chegou a processar a Midjourney por uso de suas criações sem autorização.
Essa mesma proteção foi considerada no caso de Moana, pois mesmo com a permissão de Dwayne Johnson, os advogados da empresa temiam que elementos criados com IA pudessem abrir precedentes indesejados, especialmente no que diz respeito à titularidade das imagens e dos personagens.
Apesar das preocupações, a Disney não deixou de investir em Inteligência Artificial. A empresa está buscando formas de aplicar a tecnologia em áreas como streaming, jogos e experiências personalizadas para fãs. Recentemente vimos que a empresa está negociando com a plataforma Showrunner a possibilidade dos fãs gerarem seus próprios trechos de cenas com personagens clássicos.
Mesmo com o avanço da IA no setor, o caso do live-action de Moana mostra que, por enquanto, o estúdio segue adotando uma postura cautelosa. A ideia de usar um dublê digital de Dwayne Johnson foi testada, discutida e descartada, o que ajuda a ilustrar como o uso de novas tecnologias ainda precisa se equilibrar com contratos, reputação e a forma como o público enxerga as produções.
A estreia do remake em live-action de Moana está prevista para 10 de julho de 2026.