Disney avança com Inteligência Artificial e já testa DisneyGPT e o ambicioso “Jarvis”

DisneyGPT Disney avança com Inteligência Artificial e já testa DisneyGPT e o ambicioso "Jarvis"

A Disney deixou claro nos últimos dias que inteligência artificial deixou de ser um assunto experimental dentro da empresa. Pouco depois de anunciar uma parceria com a OpenAI, que inclui o licenciamento de mais de 200 personagens para uso em ferramentas como o Sora e o ChatGPT, além de um investimento de US$ 1 bilhão, novos detalhes vieram à tona sobre como a tecnologia já faz parte do dia a dia de funcionários da companhia.

Por fora, o acordo chamou atenção pelo impacto no entretenimento e na criação de conteúdo. Por dentro, a movimentação é ainda mais ampla. A Disney vem estruturando uma estratégia interna de IA que envolve ferramentas próprias, soluções de grandes empresas de tecnologia e planos mais ambiciosos para os próximos anos.

Segundo relatos de funcionários, a postura da empresa mudou de forma clara em relação ao início de 2025, quando ainda havia cautela sobre o uso dessas ferramentas no trabalho. Agora, a orientação é outra: entender, testar e incorporar a IA nos processos internos, sempre com algumas regras bem definidas. As informações foram reveladas em reportagem do Business Insider, que ouviu funcionários de diferentes áreas da companhia.

DisneyGPT já é usado no dia a dia dos funcionários

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Um dos pilares dessa estratégia é o DisneyGPT, um chatbot interno criado para auxiliar em tarefas administrativas e operacionais. De acordo com funcionários ouvidos pela reportagem, a ferramenta ajuda a abrir chamados de TI, consultar informações internas, acessar o organograma da empresa e até analisar dados financeiros de projetos.

O DisneyGPT começou a ser testado em versão beta no início de outubro e, em dezembro, ganhou novas funções, como a possibilidade de enviar arquivos de Excel e PowerPoint para análise. A interface segue o estilo clássico da empresa, com referências à imaginação e frases de Walt Disney organizadas por temas como liderança e perseverança.

Apesar do visual temático, quem usa o DisneyGPT afirma que, na prática, ele funciona de forma parecida com outros chatbots de mercado. Ainda assim, já se tornou uma ferramenta frequente para tarefas rotineiras, principalmente para economizar tempo em atividades repetitivas.

Acesso a ChatGPT corporativo e outras ferramentas

Além do DisneyGPT, a Disney também liberou para seus funcionários o uso de soluções como o Microsoft Copilot e o Q Developer, da Amazon. Com o acordo firmado com a OpenAI, a empresa confirmou que os colaboradores também terão acesso à versão corporativa do ChatGPT.

Segundo um engenheiro de software com anos de casa, essa abertura representa uma virada de chave. No meio do ano, havia receio em depender dessas tecnologias. Agora, a percepção interna é de que a liderança “entendeu para onde as coisas estão indo” e decidiu não ficar para trás.

A empresa também mantém um portal interno com diretrizes sobre o uso responsável de IA, além de listar quais ferramentas são oficialmente aprovadas. Alguns funcionários relataram a existência de treinamentos e cursos de compliance voltados especificamente para esse tema.

Jarvis, o próximo passo da Disney com IA

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Enquanto o DisneyGPT já está em funcionamento, um projeto mais avançado está em desenvolvimento nos bastidores. O codinome é “Jarvis”, uma referência direta ao assistente virtual de Tony Stark em Homem de Ferro.

Segundo quatro funcionários, o Jarvis seria uma IA mais avançada, do tipo agente, capaz de executar tarefas de forma mais autônoma em nome dos colaboradores. Um funcionário em cargo alto, com conhecimento direto do projeto, afirmou que a ferramenta ainda está em estágio inicial e longe de estar pronta para uso amplo.

Mesmo assim, a expectativa interna é de que esse tipo de solução ganhe força nos próximos anos. Um gerente da Disney resumiu o sentimento ao dizer que a empresa quer que todos “se apoiem cada vez mais” em inteligência artificial.

Empolgação, dúvidas e receios entre os funcionários

Nem todo mundo, porém, encara essa transformação sem ressalvas. Três dos oito funcionários entrevistados pelo Business Insider disseram ter preocupações sobre o impacto da IA nos empregos, especialmente em relação à substituição de tarefas humanas.

A própria liderança reconhece limites. Um dos entrevistados afirmou que, embora a IA seja prioridade, ela não resolve tudo. Erros acontecem e ainda falta o toque humano em muitas atividades criativas.

“Se você usar IA em tudo, isso pode acabar sendo contraproducente”, disse esse funcionário, reforçando que criatividade humana continua sendo essencial.

Outro ponto citado envolve o uso de ferramentas não aprovadas oficialmente pela Disney. Alguns funcionários afirmaram que chatbots como o Claude, da Anthropic, podem ser mais eficientes em certas tarefas. Um colaborador da ESPN, empresa do grupo Disney, relatou que recebeu autorização informal para usar contas pessoais dessas ferramentas no trabalho.

Isso gera um desafio adicional para a companhia, principalmente em relação à segurança de dados e ao entendimento das regras por parte dos funcionários. Segundo relatos, nem sempre é fácil acompanhar quais ferramentas estão liberadas ou restritas em cada momento.

A visão oficial da Disney sobre inteligência artificial

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Em seu site interno, a Disney afirma adotar uma abordagem responsável e centrada nas pessoas no uso de IA. A empresa destaca que humanos continuam sendo o motor criativo da companhia e que tecnologia serve como apoio, não como substituição.

“Acreditamos, fundamentalmente, que a criatividade e a curiosidade humanas são imensas e únicas, e estão no coração da Disney”, diz um trecho da política interna.

Ao mesmo tempo, a empresa reforça que a adoção de novas tecnologias sempre fez parte de sua história e segue sendo vista como uma forma de dar mais poder aos criadores e manter sua posição de destaque no setor de entretenimento.

Nos bastidores, alguns funcionários acreditam que o acordo com a OpenAI pode render frutos a longo prazo. Um deles resumiu a aposta dizendo que a Disney está tentando, desde já, ajudar a definir as regras do jogo em um mercado que ainda está se formando.

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