
O novo filme Uma Sexta-Feira Mais Louca Ainda reúne Jamie Lee Curtis e Lindsay Lohan mais de 20 anos depois do sucesso de Sexta-Feira Muito Louca, lançado pela Disney em 2003. O retorno das atrizes e de outros nomes do elenco original animou os fãs, mas chamou atenção a ausência de um nome importante nos bastidores: o diretor Mark Waters.
Waters, que está atualmente na pós-produção do longa Hershey, estrelado por Finn Wittrock e Alexandra Daddario, contou que não foi chamado para participar do novo projeto, mesmo tendo se oferecido para contribuir de alguma forma.
“Infelizmente, não fui convidado para a festa. Levantei a mão e disse que gostaria de participar, mesmo que fosse como uma espécie de conselheiro ou produtor executivo. Mas não rolou,” disse o diretor em entrevista com a Variety.
Apesar disso, ele não guarda ressentimentos.
“Apoio totalmente a ideia de fazerem um novo filme legal. Claro que teria sido legal estar envolvido, mas agora que não estou, coloco isso de lado e sigo focado em criar coisas novas. Quem sabe daqui a 20 anos façam remake de algum deles,” completou.
Uma mudança de rumo no roteiro original

Waters também aproveitou para relembrar como foi o processo de assumir a direção do filme de 2003. Quando chegou até ele, o roteiro original era bem diferente do que chegou aos cinemas.
“A história era sobre uma garota que trabalhava no jornal da escola e queria entrevistar a Gwen Stefani no House of Blues. Achei fraco. Disse que não funcionava. Falei: isso é Sexta-Feira Muito Louca, mãe e filha têm que ser bem diferentes uma da outra,” contou.
Foi ele quem sugeriu que a filha fosse guitarrista de uma banda e que a mãe tivesse que tocar guitarra no final.
“A Disney, para a surpresa de muitos, aceitou. E foi isso que filmamos.”
Segundo Waters, o sucesso do longa o ajudou a conquistar o comando de Meninas Malvadas logo depois.
A escolha de Lindsay Lohan e Rachel McAdams em Meninas Malvadas
Waters também falou sobre o processo de escalação de Meninas Malvadas. Ele revelou que convenceu os produtores de que Lindsay Lohan deveria interpretar Regina George, mas a atriz acabou ficando com o papel de Cady Heron.
“O pessoal achava que ela tinha que ser a protagonista. E com o sucesso de Sexta-Feira Muito Louca, fazia sentido. Mas eu via mais energia de Regina nela, não digo isso de forma negativa. Ela tinha uma presença muito forte.”
Quando não encontraram ninguém ideal para viver Cady, voltaram a uma atriz que já havia feito teste para outro papel, Rachel McAdams.
“Ela era mais velha do que a gente queria, mas trouxe uma força e maturidade que funcionou bem. Ela queria ser Regina, achava mais divertido. Mas acabou aceitando.”
Fim alternativo e bastidores com a Disney

Durante a produção de Sexta-Feira Muito Louca, Waters contou que teve liberdade para propor mudanças e que o próprio CEO da Disney na época, Michael Eisner, aprovou um novo final sugerido por ele.
“O primeiro preview que fizemos teve nota 93. A sala toda aplaudiu. Aí o Eisner perguntou se eu tinha alguma ideia extra. Respondi que sim, uma ideia mais engraçada para o final. O produtor falou que custaria 250 mil dólares. Eisner disse: ‘Vai lá e faz’.”
Foi assim que surgiu a cena em que a personagem de Rosalind Chao derruba o avô, sugerindo mais uma troca de corpos.
Relação com Lindsay Lohan e reencontro em Nova York
Mesmo sem participar da sequência, Waters contou que continua em contato com Lindsay Lohan e que os dois se reencontraram recentemente durante as filmagens de um filme da Netflix.
“A gente sempre se deu bem. Quando nos vimos recentemente, falamos que seria divertido encontrar algum motivo para trabalhar juntos de novo,” disse.
Sobre o comportamento da atriz nos anos 2000, ele foi direto:
“Naquela época, ela era muito atraída pela fama, como qualquer jovem. Não buscava os melhores projetos. Hoje está com a cabeça boa, mas naquela fase, não tinha ninguém por perto guiando ela direito.”
Cena absurda com Rosalind Chao e críticas da época
Waters comentou também a cena exagerada do final do filme, dizendo que sabia que era algo fora do tom, mas que fazia parte da proposta.
“A ideia era ser absurdo mesmo, não uma piada ofensiva. Rosalind é minha amiga e estava por dentro da brincadeira. Ela disse, ‘Vou me jogar com tudo’. E foi isso.”
Ele lembra que alguns críticos acharam exagerado, mas não de forma que prejudicasse o filme.
“Teve um crítico que adorou o filme, mas apontou essa parte como exagerada e um pouco fora do tom. Mas também disse que não estragava a experiência. Concordei com ele.”
Mesmo fora do novo projeto, Waters segue acompanhando os caminhos da franquia que ajudou a consolidar e continua ouvindo piadinhas do elenco original.
“Durante as filmagens do novo filme, vários atores me mandaram mensagens perguntando: ‘Onde você está, Waters?’. E eu só pude responder: ‘Desculpa, não abandonei vocês!'”