Criadora de Grey’s Anatomy revela que a série quase teve apenas atores brancos

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Quando Grey’s Anatomy estava em fase de desenvolvimento, Shonda Rhimes precisou bater de frente com a direção da ABC para garantir que a série não tivesse apenas atores brancos no elenco. A criadora da produção contou essa história no documentário da HBO Seen and Heard: The History of Black Television, lembrando os bastidores que antecederam a estreia em 2005.

“Eu fiz algo que, pelo que sei, as pessoas não faziam. Eu não escrevi a raça de nenhum personagem no roteiro”, disse Rhimes.

Durante os testes, ela percebeu que os candidatos enviados pela emissora seguiam sempre o mesmo padrão. “Eu ficava perguntando: ‘Onde estão todos os atores?’ Eles continuavam mandando atores que eram todos iguais, todos brancos”, relembrou.

Foi então que a criadora decidiu se impor. “Eu me levantei na sala e disse ao presidente da emissora na época: ‘Eu não vou ter uma série só com atores brancos.’”

A reação da emissora

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A fala de Shonda foi um ponto de virada no processo. “De repente, começou a aparecer uma enxurrada de atores. Foi realmente maravilhoso. A gente pôde conhecer tantos profissionais que nunca tinham sido considerados para papéis maiores, apenas para papéis muito pequenos.”

A decisão estava ligada também ao lado pessoal da criadora. “Eu sabia que não faria uma série da qual eu teria vergonha de colocar na televisão. Eu não ia olhar para os meus pais e dizer: ‘Sim, tem só atores brancos, mas é assim que a TV funciona.’ Como eu diria isso ao meu pai?”

Rhimes reforçou que essa posição exigiu firmeza. “Quando você está tentando ser criativo em um mundo no qual sente medo, acho que é preciso não ter medo.”

Com esse posicionamento, Grey’s Anatomy abriu espaço para um elenco diversificado, incluindo nomes como Ellen Pompeo, Patrick Dempsey, Sandra Oh, Katherine Heigl, Sara Ramirez e Jesse Williams, entre muitos outros que marcaram a história da série.

Grey’s Anatomy redefiniu o gênero de drama médico na televisão

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Antes da estreia de Grey’s Anatomy, o público já estava acostumado a séries médicas que seguiam uma linha mais técnica e centrada em procedimentos hospitalares, como ER (Plantão Médico) e Chicago Hope. Essas produções priorizavam o realismo dos casos clínicos e a rotina dos profissionais da saúde, colocando o drama pessoal dos personagens em segundo plano.

Shonda Rhimes mudou essa fórmula ao colocar as histórias individuais dos médicos no centro da trama. Desde o início, Grey’s Anatomy explorou relações amorosas, dilemas éticos, escolhas de carreira e conflitos familiares, sem deixar de lado os casos médicos que serviam como pano de fundo e, muitas vezes, metáforas para a vida dos protagonistas.

Outro diferencial foi o foco em personagens em início de carreira. Em vez de destacar apenas médicos experientes, a série acompanhava jovens internos lidando com os primeiros desafios da profissão. Isso criou uma identificação imediata com o público, que acompanhava o crescimento dos personagens dentro e fora do hospital.

A linguagem também ajudou a renovar o gênero. Ao misturar diálogos ágeis, momentos de humor e situações de alta tensão, Grey’s Anatomy conseguiu equilibrar drama pessoal e trama médica de uma forma inédita para a época. Essa escolha influenciou diretamente outras produções posteriores que buscaram seguir a mesma linha, misturando vida pessoal e profissional em um cenário de alta pressão.

Grey’s Anatomy está disponível no Disney+.

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