
Tony Gilroy, criador de Andor e roteirista de Rogue One: Uma História Star Wars, falou abertamente sobre o que acredita ser o principal problema dos filmes mais recentes da Marvel.
Em entrevista ao SlashFilm, o diretor apontou que muitas histórias acabam girando apenas em torno da busca por um objeto, o que, para ele, enfraquece a construção geral da trama.
“Tentando pegar o… como é que chama? Não consigo lembrar o nome da caixa. Que p* é aquela caixa em Vingadores? O que eles estão tentando pegar? […] O Tesseract! É por isso que esses filmes falham. Você só fica… se tudo o que você faz é tentar pegar o Tesseract, então é só isso que está acontecendo.”
Segundo Gilroy, esse tipo de estrutura, baseada em uma perseguição constante a algum artefato poderoso, limita as possibilidades da história.
Ele usou Andor como exemplo de uma abordagem diferente, dizendo que evitou esse tipo de recurso no roteiro da série.
“As versões que existiam antes não eram ruins, mas tinham uma falha que parecia séria pra mim. Se a série começa com um ataque à cidadela já no piloto, o que sobra para o episódio 9? Você só vai continuar tentando pegar o disco?”
O que é o Tesseract e por que ele é citado como exemplo

O Tesseract é um dos objetos mais recorrentes no Universo Cinematográfico da Marvel. Ele apareceu pela primeira vez em Capitão América: O Primeiro Vingador e voltou a ser central em Os Vingadores de 2012.
Na prática, o Tesseract abriga a Joia do Espaço, uma das seis Joias do Infinito, e tem o poder de teletransporte e manipulação do espaço.
Tony Gilroy mencionou o Tesseract como um exemplo do que ele vê como um problema de estrutura nos filmes da Marvel: histórias que giram em torno de heróis correndo atrás de um objeto poderoso, o famoso “McGuffin”, termo usado no cinema para definir um item que move a trama, mas que nem sempre tem importância real por si só.
Na visão dele, quando o enredo se resume a “conseguir a caixa”, o foco acaba se perdendo. Em vez de explorar os personagens ou seus conflitos, o filme vira uma sequência de perseguições em torno de algo como o Tesseract. Por isso, Gilroy usou esse exemplo para ilustrar o que ele quis evitar ao desenvolver Andor.
Críticas surgem em meio a um momento delicado para a Marvel

As declarações vieram em um período em que o Universo Cinematográfico da Marvel tem sido alvo de críticas e análises mais severas. Desde Vingadores: Ultimato, em 2019, os resultados dos filmes e séries do estúdio têm oscilado, com muitos apontando uma “fadiga” por parte do público.
Além dos filmes, a Marvel também ampliou sua produção de séries, o que aumentou o volume de conteúdo, mas dividiu opiniões sobre a consistência e o foco das produções. O próprio Kevin Feige, presidente da Marvel Studios, chegou a reconhecer que esse volume talvez tenha sido um exagero.
Com filmes como Deadpool & Wolverine e Thunderbolts*, que se saíram bem, e Quarteto Fantástico: Primeiros Passos e os próximos dois longas dos Vingadores no radar, há expectativa de que a fase atual do MCU consiga recuperar parte do entusiasmo do público.
Enquanto isso, Andor segue disponível no Disney+ com suas duas temporadas, e o trabalho de Tony Gilroy continua sendo referência em como lidar com franquias conhecidas sem seguir caminhos previsíveis.