Em uma recente decisão que vem gerando discussões acaloradas na comunidade coreana no Brasil, a Academia Brasileira de Letras (ABL) decidiu incluir a palavra “dorama” no dicionário da língua portuguesa. A comunidade, representada pela Associação Brasileira dos Coreanos, expressou seu descontentamento com essa inclusão, alegando que tal atitude é preconceituosa e generalizada.
A associação argumenta que a decisão de incluir “dorama” no dicionário e definir como “obra audiovisual de ficção em formato de série, produzida no leste e sudeste da Ásia” é uma tentativa de generalizar as produções do leste-asiático. “Não é certo generalizar expressões culturais. Cada produção tem suas características, peculiaridades e um público específico“, destaca a comunidade, fazendo um paralelo com a culinária ao mencionar que seria como dizer que toda comida nordestina é comida baiana.
A Dra. Yun Jung Im, professora da Universidade de São Paulo (USP), enfatiza que dorama é uma palavra niponisada de um termo em inglês. Portanto, a generalização das produções asiáticas como doramas poderia ser comparada a chamar todos os asiáticos de “japa”. Ela reforça que essa generalização contraria a atual tendência de dar voz às minorias.
Contextualizando globalmente
No âmbito mundial, vale ressaltar que a definição adotada pelo Brasil se distingue de outras. O dicionário Oxford, por exemplo, optou por incluir a palavra K-Drama e não dorama. Além disso, o termo “Eurodramas” não é utilizado para categorizar séries europeias, reforçando a ideia de que generalizações culturais não são amplamente aceitas.
Augusto Kwon, presidente da Associação Brasileira dos Coreanos, questiona: “Se o mundo inteiro reconhece que não podemos generalizar expressões culturais, por qual motivo o Brasil vai fazer o contrário?“
Resposta da ABL
Ricardo Cavaliere, membro da comissão de lexicografia da ABL, defendeu a inclusão da palavra, explicando que o termo dorama se generalizou na língua portuguesa, abrangendo tanto séries japonesas quanto de outros países asiáticos. Ele reforça que a maneira como a comunidade linguística usa uma palavra é o que determina sua redação no dicionário, e não o contrário.
Dra. Daniela Mazur, pesquisadora da Universidade Federal Fluminense (UFF), enfatiza que o uso da palavra dorama para generalizar produções asiáticas reforça estereótipos e o orientalismo, podendo ativar estruturas históricas de raízes imperialistas. Ela ressalta que o debate não é meramente linguístico, mas representa uma séria questão de apagamento midiático de diversas perspectivas culturais.
Ásia em Foco no Star+
Independente da discussão, fato é que os assinantes do Star+ podem encontrar diversas produções asiáticas de sucesso em seu catálogo. Para facilitar, a plataforma criou uma coleção chamada Ásia em Foco, que conta com as seguintes subcategorias:
- Destaques
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- Dramas Coreanos
- Terror e Suspense
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