Chefe da Pixar revela o que pensa da Inteligência Artificial nas animações

Woody-Toy-Story Chefe da Pixar revela o que pensa da Inteligência Artificial nas animações

Foi em 1995 que Toy Story chegou aos cinemas e apresentou uma nova forma de contar histórias com tecnologia digital. Trinta anos depois, Pete Docter, atual diretor criativo da Pixar, relembrou o início do projeto e comentou o que vem por aí, especialmente em tempos de inteligência artificial ganhando espaço em várias áreas da indústria.

Na época da produção, Docter era recém-formado e trabalhava como animador na Pixar. O estúdio era pequeno, e o ambiente, bem informal.

“Parecia que a gente tava trabalhando na garagem de casa. Ninguém imaginava o impacto que aquilo teria”, contou em entrevista ao The Hollywood Reporter.

O que a IA muda no futuro da animação?

Hoje, com a IA ocupando cada vez mais espaço em processos criativos, Docter diz ver semelhanças com o que aconteceu quando o CGI começou a ganhar força.

“Na época, a gente imaginava que ficaria desenhando o Mickey à mão. De repente, eu tava usando um mouse pra mexer um boneco virtual na tela. Agora, você digita ‘urso polar tomando Coca-Cola’ e a imagem aparece”, comparou.

Para ele, a tecnologia é útil, mas tem limites claros.

“A IA pega o que já existe e mistura. Ela não cria algo novo de verdade, só junta o que foi alimentado nela. Se você quer algo pessoal, com um ponto de vista único, isso ainda vai vir das pessoas”, avaliou.

Segundo Docter, a IA pode servir como ferramenta nas mãos de quem sabe o que quer comunicar. Mas se depender só da máquina, o resultado pode acabar genérico.

“Ela costuma suavizar tudo, arredondar as arestas. Isso pode ser útil em alguns casos, mas se você quer algo com identidade, isso vai além do que a IA consegue fazer sozinha”, explicou.

Toy Story e o que esperar do 5º filme

Toy-Story-5-logo Chefe da Pixar revela o que pensa da Inteligência Artificial nas animações

Ao falar sobre os 30 anos da franquia, Docter contou que ainda se impressiona ao ver o filme disponível entre os mais assistidos do Disney+. Mas reconhece que o visual envelheceu.

“Hoje parece um videogame antigo, mas a atuação dos dubladores e a animação ajudaram a fazer o público se conectar”, comentou.

Toy Story 5, já confirmado pela Disney, será escrito e dirigido por Andrew Stanton, responsável por Wall-E e Procurando Nemo. Docter afirmou que o novo longa traz mudanças sutis no ritmo e tenta surpreender quem já acompanhou os quatro filmes anteriores.

“O Andrew soube dar tempo para algumas cenas respirarem. Tem momentos que fazem você se perguntar se ainda está vendo um filme de Toy Story. Acho que é o que a gente precisava agora”, disse.

Representatividade, tecnologia e perspectivas diferentes

Além da IA, Docter também falou sobre como a Pixar vem tentando refletir melhor o mundo atual em suas produções.

“A gente sempre quis mostrar o mundo como ele é. Só que nos filmes mais recentes conseguimos fazer isso de forma mais ampla. Cada pessoa tem uma forma única de ver as coisas, e isso dá uma nova vida às histórias”, explicou.

Para ele, o poder da animação está justamente na liberdade criativa. “Como animador, eu posso ser um brinquedo, uma garrafa, um menino, uma menina. Isso abre muitas possibilidades pra mostrar outras perspectivas”, completou.

Por que Toy Story funciona com adultos também?

Docter acredita que a história de Toy Story fala com diferentes gerações justamente por ser construída sob o ponto de vista dos adultos.

“Os brinquedos são como pais, estão ali pra ajudar as crianças a crescerem e depois deixá-las seguir em frente. É bonito, mas difícil. Talvez por isso o filme também atinja os adultos”, disse.

Ele também comentou sobre a dualidade dos personagens.

“Durante a produção, ficamos na dúvida: esse é o filme do Woody ou do Buzz? Acho que acabamos decidindo que é do Woody. Mas pras crianças, especialmente os meninos, o Buzz é o favorito — ele acha que é um astronauta de verdade. E isso diz muito sobre o olhar infantil”, observou.

Para Pete Docter, a indústria vive um momento parecido com os anos 1990, quando tudo ainda estava sendo testado. A IA, segundo ele, faz parte de uma nova fase que pode mudar muita coisa — mas o conteúdo com identidade e emoção ainda depende de quem cria.

“No fim, o que faz a gente assistir algo é querer sentir alguma coisa, se ver naquilo. A IA pode ajudar, mas quem traz essa conexão ainda são os artistas”, concluiu.

Todos os filmes e séries da Pixar estão no Disney+.

Deixe um comentário