
O recente acordo entre a Disney e a OpenAI começou a gerar fortes reações em Hollywood. A Writers Guild of America (WGA), sindicato que representa milhares de roteiristas de cinema e TV nos Estados Unidos, afirmou que a parceria “parece sancionar o roubo do nosso trabalho” por parte da empresa de inteligência artificial.
A declaração foi enviada aos membros do sindicato após a Disney anunciar um contrato de licenciamento de três anos com a OpenAI, que inclui um investimento de US$ 1 bilhão e autoriza o uso de personagens da Disney, Marvel, Pixar e Star Wars para a criação de vídeos e imagens gerados por IA.
O que é a Writers Guild of America (WGA)
A Writers Guild of America é o principal sindicato de roteiristas dos Estados Unidos. Ela representa profissionais que escrevem filmes, séries, programas de TV, animações e conteúdos para streaming.
A WGA atua na negociação de contratos, salários, direitos autorais e proteção do trabalho criativo, além de ter papel central em disputas trabalhistas envolvendo grandes estúdios e plataformas, como a greve histórica de roteiristas que paralisou Hollywood em 2023.
Por que o acordo com a OpenAI incomodou a WGA
Segundo o sindicato, empresas de tecnologia como a OpenAI teriam usado “vastas bibliotecas de obras” criadas por roteiristas para treinar seus modelos de inteligência artificial sem autorização adequada.
Para a WGA, o acordo da Disney acaba legitimando essa prática, ao transferir valor criativo para uma empresa que teria construído seus produtos “em cima do trabalho de profissionais de Hollywood”.
Em comunicado obtido pela Variety, a entidade afirmou que vai se reunir com a Disney para analisar os termos do contrato, incluindo o uso de conteúdos que possam envolver obras escritas por membros do sindicato. A WGA também reforçou que continuará pressionando os estúdios a tomarem medidas legais para proteger a propriedade intelectual dos roteiristas.
O que o acordo permite
Pelo contrato, a OpenAI poderá usar mais de 200 personagens da Disney em vídeos gerados por usuários a partir de 2026, por meio do Sora e do ChatGPT Images. A Disney afirma que o acordo não inclui uso de vozes, imagem ou aparência de talentos humanos e que o material licenciado não será utilizado para treinar modelos de IA.
Além disso, o Disney+ deve exibir seleções curadas de vídeos criados com a tecnologia, e as duas empresas prometem desenvolver novas experiências para os assinantes da plataforma.
A OpenAI respondeu às críticas dizendo que o acordo é um marco e demonstra como empresas de tecnologia e a indústria criativa podem trabalhar juntas para estabelecer padrões responsáveis no uso de IA no entretenimento. A Disney, até o momento, não comentou diretamente a reação da WGA.
Sindicato dos atores também está atento
O SAG-AFTRA, sindicato dos atores, também se manifestou. A entidade afirmou que vai acompanhar de perto a implementação do acordo para garantir que direitos relacionados a imagem, voz e interpretação sejam respeitados.
O sindicato destacou que mantém diálogo com a OpenAI há meses e cobra proteções mais rígidas no uso de IA generativa.
Ao mesmo tempo, o SAG-AFTRA apoiou a decisão da Disney de enviar uma notificação extrajudicial ao Google, acusando a empresa de infrações de direitos autorais em larga escala com suas plataformas de IA.
Personagens envolvidos no acordo
Entre os personagens liberados para criações com IA estão nomes como Mickey Mouse, Minnie, Lilo, Stitch, Ariel, Simba, Baymax, além de personagens de franquias como Frozen, Toy Story, Moana, Zootopia, Marvel e Star Wars.
O alcance do acordo é um dos principais motivos de preocupação dos sindicatos, que veem a medida como um precedente importante para o futuro da criação artística na era da inteligência artificial.