Em um cenário de transformações significativas no mercado de entretenimento, a National Geographic enfrenta um novo desafio: a redução de seu orçamento para a criação de conteúdo original. Durante uma apresentação no evento Realscreen, em Nova Orleans, Tom McDonald, Vice-Presidente Executivo de Factual e Não Roteirizado da National Geographic, trouxe à tona essa realidade, enquanto compartilhava os planos e expectativas para futuros lançamentos da empresa.
Desde o retorno de Bob Iger ao posto de CEO da The Walt Disney Company, uma campanha intensa de redução de custos foi iniciada, visando uma economia superior a US$ 5 bilhões. Com o foco voltado agora para a rentabilidade de seus serviços de streaming, observou-se uma diminuição drástica nos investimentos destinados à criação de novos conteúdos em todas as divisões.
“Claramente, temos menos dinheiro para gastar do que quando entrei há 18 meses atrás, essa é a realidade. Há muitos compradores por aí que talvez não digam isso tão abertamente quanto acabei de dizer, mas é a verdade. Ainda sinto que temos bastante espaço para experimentar, para correr riscos. Mas isso significa que tivemos que trabalhar muito duro em nossa lista geral. Não somos um jogador de volume. Penso em nós como um jogador de prestígio”, admitiu Tom McDonald, delineando a nova estratégia da National Geographic diante desse cenário restritivo.
Apesar dos cortes, a National Geographic continua sendo um dos principais canais de televisão linear sob o foco da Disney. Houve rumores no último ano de que a Disney estaria considerando vender o canal da Nat Geo, mas essa especulação foi rapidamente descartada.
National Geographic nos Parques da Disney
McDonald também abordou, de forma bem-humorada, as discussões sobre a incorporação do conteúdo da National Geographic nos Parques Temáticos da Disney. Apesar das especulações e da sinergia aparente com parques como o Animal Kingdom, a ideia de transformar certas séries de sucesso em atrações de parque parece improvável.
Ele esclareceu que, embora alguns programas não se encaixem no contexto dos parques, a National Geographic está trabalhando em várias séries novas, incluindo um sobre o Massacre de Jonestown, chamado The Cult: One Day In America, e outra sobre o tsunami devastador que ocorreu no Oceano Índico em 2004.
“Estamos fazendo uma série sobre o Massacre de Jonestown, estamos fazendo uma série sobre o tsunami do Boxing Day, definitivamente não estamos pensando em um brinquedo de parque temático. No entanto, acho que a prioridade para nós, daqui para frente, será como dar vida a essas coisas de uma maneira maior e mais ampla. Acho que isso é uma das coisas que nos torna únicos, em comparação com a Netflix ou a Apple ou alguns dos outros canais a cabo. Acho que faz parte de fazer parte do ecossistema mais amplo da National Geographic e da Disney, e isso parece que ainda não foi totalmente explorado”.
Perspectivas para a programação futura
Desde a aquisição da National Geographic pela Disney em 2019, como parte da fusão com a 20th Century Fox, houve uma certa integração entre as marcas, com a Nat Geo tornando-se um dos principais selos do Disney+. No entanto, ainda há muito a ser explorado pela empresa.
Diversos estúdios de Hollywood, incluindo a Disney, estão cortando a quantidade de conteúdo original que estão criando. Com o boom dos serviços de streaming dando sinais de desaceleração, o foco agora está em criar uma programação original mais selecionada, que alie o formato linear (TV) e o streaming. Já houve uma mudança considerável na quantidade de programação original criada pela National Geographic especificamente para o Disney+, com quase todos os títulos agora sendo compartilhados entre o linear e o streaming.
Embora possamos esperar ver menos títulos da Nat Geo no futuro, teremos mais informações sobre a programação futura no próximo evento da Television Critics Association em fevereiro, onde a Nat Geo geralmente delineia seus planos para os próximos anos.