Cinderela é um dos filmes mais marcantes da Disney, contando a história da jovem órfã que, apesar do tratamento cruel de sua madrasta, nunca perde a esperança. A animação de 1950 se tornou um clássico e continua relevante até hoje, seja na animação original ou em adaptações como o live-action de 2015 estrelado por Lily James.
Mas o impacto de Cinderela vai além do carinho do público. O filme foi decisivo para a sobrevivência da Disney, ajudando a empresa a superar uma crise financeira e consolidando o modelo de contos de fadas que marcou sua identidade.
Cinderela foi a salvação financeira de Walt Disney
Nos anos 1930 e 1940, a Disney lançou animações como Branca de Neve e os Sete Anões, Pinóquio, Fantasia e Bambi. Apesar da qualidade dessas produções, muitas não tiveram retorno financeiro imediato, colocando a empresa em uma situação delicada.
Com a Segunda Guerra Mundial afetando a bilheteria dos filmes, Walt Disney acumulou dívidas de milhões de dólares com o Bank of America. Como relatou o Los Angeles Times, “a situação estava ficando desesperadora”. A companhia precisava de um sucesso, um último esforço para tentar salvar a Disney Company. Cinderela se tornou essa chance.
Diferente dos projetos anteriores, a produção teve um orçamento apertado e um cronograma rígido. Walt Disney, que costumava refazer cenas inteiras quando não ficava satisfeito, precisou seguir um planejamento mais estruturado.
Para garantir que os personagens tivessem movimentos naturais, a equipe usou extensivamente filmagens de referência, algo que até então só era aplicado em cenas específicas.
O esforço deu resultado. Cinderela custou cerca de US$ 2 milhões e arrecadou mais de US$ 4 milhões em sua estreia, número que continuou crescendo ao longo dos anos. Para efeito de comparação, Pinóquio teve um custo de US$ 2,6 milhões e arrecadou US$ 1,4 milhão em sua exibição inicial.
Esse sucesso ajudou a Disney a se reerguer financeiramente, garantindo a continuidade de novos projetos e mantendo a empresa ativa.
O que Cinderela mostrou sobre o público da Disney
Além da questão financeira, Cinderela reforçou o que funcionava no modelo Disney. Desde Branca de Neve e os Sete Anões, lançado em 1937, a empresa não havia feito outro conto de fadas com princesa, apesar do sucesso desse primeiro filme.
Cinderela seguiu uma estrutura parecida: uma protagonista bondosa e sonhadora, amigos divertidos, músicas marcantes e um final feliz. A animação mostrou que havia um público fiel para esse tipo de história, o que influenciou futuras produções do estúdio.
Muitos duvidavam que Cinderela poderia repetir o impacto de Branca de Neve, que estreou durante o período da Grande Depressão (a maior crise financeira da história dos EUA) e ofereceu ao público uma mensagem de esperança em tempos difíceis. Mas o filme provou que, mesmo no período pós-guerra, as pessoas ainda buscavam esse tipo de história.
O efeito de Cinderela na identidade da Disney
Cinderela consolidou a Disney como especialista em contos de fadas e ajudou a criar o padrão que depois formaria a franquia oficial das Princesas da Disney. Embora esse conceito só tenha sido estabelecido anos depois, Cinderela foi um dos pilares que sustentaram essa identidade.
A icônica cena da transformação do vestido da protagonista foi considerada a favorita de Walt Disney entre todas as animações do estúdio, reforçando a importância do filme dentro da empresa.
Além disso, a história de Cinderela e da própria Disney acabaram se conectando. Assim como a personagem saiu de uma situação difícil para alcançar seus sonhos, o estúdio passou de uma crise financeira para uma nova fase de sucesso.
O trabalho envolveu a recuperação do negativo original da Biblioteca do Congresso e a digitalização dos registros de cor das exposições sucessivas em resolução 4K. Em seguida, foi realizada uma limpeza completa para eliminar sujeiras e minimizar quaisquer artefatos remanescentes.
