Uma das críticas mais antigas sobre a Pixar é que sua fórmula de sucesso sempre gira em torno de uma variação da mesma questão. E se os brinquedos tivessem emoções? E se os carros tivessem emoções? E se as próprias emoções tivessem emoções? Este é um meme popular que circula nas redes sociais toda vez que o estúdio lança um novo trailer.
Apesar da repetição de sua questão central, o sucesso da Pixar está na variedade de histórias que surgem dela. O estilo distinto do estúdio acomoda uma variedade de gêneros e personagens, incluindo comédias no local de trabalho e épicos de super-heróis. Através de seus filmes, vimos rivalidades se transformarem em amizades, uma jornada de pai através do oceano para encontrar seu filho e uma princesa se reconectar com sua mãe que se transformou em um urso.
Ao longo do caminho, eles exploraram temas de dinâmica familiar, amizade e até amor, com romances memoráveis como WALL-E e EVE e o retrato dos altos e baixos de um casamento em Os Incríveis. No entanto, apesar de sua impressionante filmografia de 26 longas-metragens, a Pixar ainda não produziu nenhuma comédia romântica, e isso deve mudar com o próxima animação, Elementos.
Elementos mudou totalmente na fase conceitual
O novo filme é sobre Faísca (elemento fogo) e Gota (elemento água), que vivem na Cidade dos Elementos, um lugar onde o fogo, a água, a terra e o ar coexistem em uma comunidade diversa e vibrante. A animação segue uma história clássica de comédia romântica em que uma garota conhece um garoto, mas seus pais o desaprovam porque ele é feito de água. Embora a premissa possa parecer estereotipada, é exatamente o que a diferencia no histórico da Pixar.
De acordo com o diretor Pete Sohn e sua equipe, a jornada para trazer Elementos para a tela envolveu suas próprias experiências emocionais. Os primeiros desenhos tinham personagens usando suas propriedades elementares como superpoderes, com Faísca disparando fogo em poses de ação. No entanto, a produção acabou decidindo que essa abordagem não se encaixava na história que eles queriam contar.
“Quando eu estava namorando minha esposa, havia momentos muito vulneráveis em que você se sente emocionalmente nu“, lembrou o diretor. “E então, de repente, estávamos desenhando Faísca como a luz de uma vela, onde ela ficou muito fraca e frágil… Eu fiquei tipo, ‘Oh meu Deus, estou sentindo totalmente o que é esse sentimento‘.”
Segundo o cineasta, Elementos conta uma história que pode ser comparada a um triângulo, embora não no sentido usual de um “triângulo amoroso”. Em vez disso, é uma história que explora como carregamos nossas famílias conosco, mesmo em nossos relacionamentos com outras pessoas.
“Não é apenas um garoto conhecendo uma garota ou uma garota conhecendo um garoto”, explica ele. “Era também um pai e uma filha, e qual era essa relação.”
Vale lembrar que as próprias experiências pessoais de Sohn como filho de imigrantes coreanos estão no centro de Elementos. Por isso, seu toque pessoal vem de algo verdadeiro, com personagens que não são apenas desenhos animados superpoderosos, mas expressões da emoção humana.
Elementos foi feito por fãs de comédia romântica
O diretor Pete Sohn e sua equipe da Pixar também se identificaram como fãs do gênero comédia romântica ao falar sobre o filme. Eles citaram obras de romance da escritora inglesa Jane Austen como referências para Elementos.
Este é, sem dúvidas, um afastamento do repertório usual da Pixar, o que torna Elementos especial, pois pretende se juntar aos clássicos de comédia romântica, e ao mesmo tempo ser reconhecido como outros filmes aclamados da Pixar como Os Incríveis, WALL-E e Up: Altas Aventuras.
Elementos estreia nos cinemas do Brasil em 22 de junho de 2023.
