George Lucas explica por que não se arrepende de vender Star Wars

Star-Wars-George-Lucas-1024x576 George Lucas explica por que não se arrepende de vender Star Wars

Poucas decisões na história do cinema geraram tanta repercussão quanto a venda de Star Wars para a Disney. Em 2012, George Lucas colocou um ponto final em décadas de controle criativo sobre a saga que ele mesmo criou, em um acordo avaliado em US$ 4 bilhões. Na época, a notícia dividiu fãs e marcou o início de uma nova fase para a franquia.

Desde então, o universo de Star Wars se expandiu de forma agressiva, com filmes, séries animadas, produções live-action para o Disney+ e uma estratégia editorial que atravessa livros, quadrinhos e jogos. A recepção, no entanto, variou bastante, com projetos muito elogiados convivendo com outros que enfrentaram rejeição do público.

Mesmo diante desse cenário, George Lucas nunca deu sinais de arrependimento. Agora, mais de uma década depois, o cineasta voltou a comentar abertamente como enxerga essa decisão e o que mudou em sua relação com a saga.

“A Disney deu a visão deles”

Em uma entrevista recente ao The Wall Street Journal, George Lucas falou sobre ter aberto mão do controle criativo de Star Wars. A conversa fez parte de um perfil sobre ele e sua esposa, Mellody Hobson, no contexto da criação do Lucas Museum of Narrative Art, em Los Angeles.

Questionado se havia conseguido deixar para trás o impulso de comandar a franquia, Lucas foi direto.

“A Disney assumiu e deu a visão deles. É assim que funciona. Claro que eu segui em frente. Eu tenho uma vida. Estou construindo um museu. Um museu é mais difícil do que fazer filmes”, afirmou.

A declaração reflete um distanciamento claro. Para Lucas, Star Wars passou a ser responsabilidade de outra empresa, e ele não se vê mais como alguém que deveria interferir nos rumos criativos da saga.

Streaming e aposentadoria pesaram na decisão

Lucas também já explicou, em outras ocasiões, o que o levou a vender a Lucasfilm naquele momento específico. Em 2024, durante o Festival de Cannes, ele comentou que a ascensão do streaming teve papel decisivo em sua escolha.

Segundo o cineasta, a indústria cinematográfica vivia um período de incerteza, especialmente no modelo tradicional de lançamentos nos cinemas. O surgimento e a rápida expansão das plataformas digitais mudaram completamente o jogo.

“O streaming é muito poderoso. Ele acabou impulsionando o mercado, porque o cinema tradicional já mostrava problemas. Ninguém sabia exatamente como isso iria funcionar”, disse Lucas, em entrevista ao veículo francês Brut.

Ele contou que, quando percebeu a dimensão da transformação, sentiu que era o momento certo para se afastar.

“Quando a Netflix decolou, eu pensei: ‘Não sei exatamente no que isso vai se transformar’. A indústria inteira estava mudando. Então eu vendi a empresa e me aposentei”, explicou.

Críticas à Disney não apagam o passado da franquia

Hoje, parte das discussões online em torno de Star Wars gira em torno das decisões criativas da Disney. No entanto, esse tipo de reação não é novidade na história da saga. Os próprios filmes da trilogia prelúdio, lançados entre 1999 e 2005, foram duramente criticados durante anos.

O lançamento de Star Wars: Episódio I – A Ameaça Fantasma gerou uma onda de rejeição que atingiu elenco, equipe e o próprio Lucas de forma intensa. Com o tempo, a percepção do público mudou, e esses filmes passaram por uma reavaliação, especialmente após a Disney voltar a explorar esse período da cronologia em novas produções.

Esse movimento ajuda a contextualizar a atual fase da franquia, que repete ciclos de rejeição, revisão e redescoberta.

O novo foco de George Lucas

Longe das polêmicas envolvendo Star Wars, George Lucas está concentrado em um projeto de grande escala. O Lucas Museum of Narrative Art, com inauguração prevista para 2026, pretende explorar como a arte visual e a narrativa influenciam culturas, valores e comunidades ao redor do mundo.

Para Lucas, o museu representa um desafio maior do que qualquer filme que já tenha dirigido. É também uma forma de canalizar sua paixão por contar histórias para além do cinema, preservando e compartilhando obras que moldaram o imaginário coletivo.

Treze anos após vender Star Wars, Lucas parece confortável com a escolha que fez, olhando para o futuro com a mesma curiosidade que, um dia, o levou a criar uma galáxia muito, muito distante.

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