
James Cameron sempre esteve à frente quando o assunto é tecnologia no cinema. Desde os efeitos revolucionários de O Exterminador do Futuro 2 até a construção detalhada de Pandora em Avatar, o diretor nunca escondeu seu interesse por inovação. Agora, porém, ele fala sobre um tema que divide Hollywood: o uso de inteligência artificial generativa.
Durante a divulgação de Avatar: Fogo e Cinzas, Cameron deixou claro que busca maneiras de acelerar a produção dos próximos filmes da franquia. O objetivo é simples e pessoal, ele não quer passar mais quase uma década dedicado apenas a dois longas.
A solução pode até envolver IA, mas apenas se uma condição muito clara for respeitada.
Fazer filmes mais rápido virou prioridade
Em entrevista ao programa Q with Tom Power, Cameron comentou abertamente sobre sua idade e o ritmo intenso que a franquia exige. Aos 71 anos, o diretor quer ganhar tempo sem abrir mão do controle criativo.
“Eu não quero passar mais oito anos da minha vida fazendo dois filmes de Avatar”, afirmou. Segundo ele, encontrar formas de acelerar o processo também ajudaria a reduzir custos, algo cada vez mais relevante no atual cenário do cinema.
É nesse ponto que a inteligência artificial entra como possibilidade, embora ainda cercada de muitas ressalvas.
A linha que não pode ser cruzada

Cameron foi direto ao estabelecer o que chamou, na prática, de uma linha vermelha. Para ele, a IA só pode ser usada se não substituir pessoas.
“Desde que fiquemos dentro de limites éticos, sem substituir atores, sem substituir artistas, sem substituir o diretor ou os roteiristas”, explicou.
Ou seja, a tecnologia pode ajudar em processos técnicos e operacionais, mas jamais assumir funções criativas ou tirar trabalho de profissionais envolvidos diretamente na produção.
Apesar de aberto à ideia, Cameron reconhece que aplicar IA generativa em grandes produções não é simples. Segundo ele, as ferramentas atuais não foram pensadas para integrar fluxos profissionais de efeitos visuais.
“As ferramentas de IA generativa não foram projetadas para se encaixar nos fluxos tradicionais de VFX. Teríamos que criar isso do zero”, disse.
O diretor também apontou que as grandes empresas de tecnologia focam em modelos voltados para outros mercados, como saúde, aplicações corporativas ou produtos de entretenimento casual, não em ferramentas profissionais para o cinema.
A fala de Cameron ganha ainda mais peso quando se observa o intervalo entre os filmes da franquia:
- Avatar – 2009
- Avatar: O Caminho da Água – 2022
- Avatar: Fogo e Cinzas – 2025
- Avatar 4 – previsto para 2029
- Avatar 5 – previsto para 2031
Foram 13 anos entre o primeiro e o segundo filme, e mais três até o terceiro. Reduzir esse intervalo é um desejo antigo do diretor, mas nunca às custas da equipe criativa.
O tema IA no cinema ainda é delicado. Alguns estúdios já testaram o uso de personagens digitais e figurantes gerados por computador, o que sempre traz críticas por afetar diretamente empregos no setor.
Nesse contexto, a postura de Cameron chama atenção. Ele não descarta a tecnologia, mas deixa claro que não aceita soluções que prejudiquem atores, artistas ou técnicos. Para um diretor conhecido por empurrar os limites da inovação, a mensagem é clara: avançar, sim, mas sem passar por cima de quem faz o cinema acontecer.