Paramount teria criado uma lista de atores e atrizes vetados no estúdio

As mudanças nos bastidores da Paramount vêm se acumulando em ritmo acelerado. Desde cortes de pessoal até negociações de alto nível, o estúdio atravessa um momento de reorganização profunda, com decisões que extrapolam o campo criativo e alcançam o debate político.

Nos últimos meses, a empresa passou a ser observada com mais atenção por Hollywood. A chegada de uma nova liderança, aliada a alianças estratégicas e a um clima ideológico mais definido, vem redesenhando prioridades internas e a forma como o estúdio se posiciona publicamente.

Agora, um novo elemento entrou nessa equação. Um relatório recente aponta para a existência de uma lista interna de profissionais com os quais a Paramount não pretende mais trabalhar, o que acendeu alertas no setor e questionamentos sobre os rumos do estúdio.

Lista de vetos teria motivação política e ideológica

De acordo com uma apuração da Variety, a Paramount teria estabelecido uma espécie de “lista negra” de atores considerados “excessivamente antissemitas”, “xenofóbicos” ou “homofóbicos” segundo critérios internos.

O estúdio não comentou oficialmente o assunto, mas o relatório sugere que a medida faz parte de uma mudança mais ampla na cultura corporativa da empresa, intensificada após a parceria com a Skydance e a ascensão de David Ellison à liderança.

Em setembro, a Paramount já havia se destacado ao ser o primeiro grande estúdio a se posicionar contra uma carta aberta que defendia o boicote a instituições cinematográficas israelenses, acusadas no documento de envolvimento em genocídio e apartheid contra o povo palestino.

Entre os signatários da carta estavam nomes de peso como Emma Stone, Javier Bardem, Mark Ruffalo, Joaquin Phoenix, Ayo Edebiri, Ebon Moss-Bachrach, Tilda Swinton, Emma D’Arcy e Elliot Page. Até o momento, não há confirmação se algum desses artistas integra a suposta lista de vetos.

Relações familiares e políticas influenciam o estúdio

Parte do peso dado ao tema de Israel estaria ligada à figura de Larry Ellison, pai de David Ellison e cofundador da Oracle. Ele é descrito como amigo próximo do primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu e também como um grande doador da organização Friends of the IDF.

Além disso, a proximidade de Larry Ellison com Donald Trump também entrou no radar. O governo Trump aprovou a fusão entre Paramount e Skydance, e o ex-presidente já declarou publicamente que Larry e David Ellison estão entre seus apoiadores.

Esse contexto ajuda a explicar por que decisões editoriais e posicionamentos públicos da Paramount passaram a seguir uma linha mais rígida nos últimos meses, algo que não costuma ser comum na tradição histórica do estúdio.

Saída de Taylor Sheridan agrava cenário de incerteza

Outro fator que contribuiu para o momento instável da Paramount foi a saída de Taylor Sheridan. O criador assinou um acordo lucrativo com a NBCUniversal, em um movimento que surpreendeu o mercado e enfraqueceu o catálogo original do Paramount+.

Mesmo com o contrato atual válido até 2028, a decisão foi vista como um revés significativo. Séries como Yellowstone, 1923, Tulsa King, O Dono de Kingstown e Lioness seguem associadas ao estúdio, mas a saída futura do criador traz dúvidas sobre a continuidade criativa desse universo.

Relatos publicados após o anúncio indicam que a relação de Sheridan com a nova liderança da Paramount já estava desgastada antes mesmo da fusão com a Skydance ser concluída.

Apesar das turbulências, a Paramount ainda mantém produções relevantes em andamento e aposta em novos acordos para reforçar seu portfólio. Há também movimentações de bastidores envolvendo criadores de peso da indústria, o que indica que o estúdio segue ativo na disputa por talentos.

Ainda assim, entre relatos de vetos a atores, mudanças políticas internas e a perda de nomes importantes da televisão, o futuro da Paramount permanece cercado de incertezas. O próximo capítulo dessa transformação deve continuar chamando a atenção de Hollywood.