
Entre batalhas grandiosas e paisagens de Pandora, Avatar: Fogo e Cinzas tem um momento que foge completamente do esperado. Não envolve explosões nem criaturas gigantes, mas uma conversa tensa, carregada de provocações, que acontece dentro de uma tenda.
Desde a estreia, essa sequência virou assunto constante. Ela reúne os dois grandes vilões do filme em um embate psicológico incomum para os padrões da franquia, tradicionalmente mais familiar. E, segundo o próprio diretor, quase ficou pelo caminho durante a edição.
Para James Cameron, essa cena não só merecia permanecer no corte final como se tornou uma de suas favoritas em todo o longa.
O encontro entre Quaritch e Varang
A sequência acontece quando o coronel Miles Quaritch, interpretado por Stephen Lang, visita a tenda de Varang, a líder do Povo das Cinzas interpretada por Oona Chaplin. O objetivo inicial é simples: convencer a personagem a firmar uma aliança.
O que se segue, no entanto, é um jogo de poder inesperado. Varang inverte a dinâmica, obriga Quaritch a consumir um alucinógeno e passa a conduzir a conversa com domínio absoluto, inclusive ferindo o peito dele com uma lâmina em um gesto provocativo.
Para Cameron, o fascínio da cena está justamente na imprevisibilidade. Em entrevista ao The Hollywood Reporter, ele explicou: “Você não tem ideia do que vai acontecer em seguida. São dois personagens fascinantes, e ela domina completamente aquela cena. ‘Hipnotizante’ é a palavra que sempre me vem à cabeça.”
O diretor contou que só percebeu plenamente a força da sequência quando viu os atores em ação. “Eu não tinha noção exata do que tinha escrito até ver a cena encenada. É uma dupla sedução. Ele vai lá para manipulá-la, depois parece que ela o tem nas mãos, mas o tempo todo ele também tem um plano, e ele funciona.”
Mesmo satisfeito com o resultado, Cameron precisou defender o momento com firmeza. Durante a edição, a equipe sugeriu reduzir a cena pela metade para ajudar a controlar a duração final do filme, que chega a 3 horas e 15 minutos.
A resposta foi direta. “Eu disse: ‘Vocês estão prestes a ficar desempregados, coloquem tudo de volta, cada linha.’”
A audição que garantiu o papel

A mesma cena foi decisiva para que Oona Chaplin conquistasse o papel de Varang. A atriz, conhecida do público por Game of Thrones, superou outras três candidatas bastante conhecidas.
Cameron explicou o que buscava: “Existe sexualidade, existe uma psicologia dominante e muita fúria. Há várias forças em jogo ali, e Oona conseguia transitar entre elas com naturalidade, algo que eu não via nas outras.”
Chaplin revelou que, após as filmagens, passou meses insegura com o resultado. A ponto de cogitar pedir para refazer tudo. “Era uma cena crucial, toda a origem da personagem está ali. Eu queria honrar o trauma e a resistência dela.”
Quando finalmente criou coragem para falar com o diretor, veio a surpresa. Cameron a levou até seu cinema particular e exibiu a sequência. “Ele virou para mim e disse: ‘É a minha favorita.’”
Avatar: Fogo e Cinzas segue em cartaz nos cinemas, e essa cena específica já é uma das mais debatidas de toda a saga.