
O CEO da Disney, Bob Iger, comentou publicamente sobre a disputa entre a Netflix e a Paramount Skydance pela compra da Warner Bros. Discovery. Durante uma entrevista ao programa Squawk Box, da CNBC (via Variety), Iger afirmou que ainda não decidiu se a Disney pretende apoiar alguma das propostas, mas deixou claro que vê possíveis riscos regulatórios no acordo da Netflix.
Segundo ele, reguladores podem questionar se a junção da Netflix com a Warner Bros. e o HBO Max criaria um nível de influência capaz de prejudicar os consumidores.
Bob Iger alerta sobre possível poder de preço da Netflix
Para Bob Iger, a preocupação inicial de um regulador seria direta: o impacto no público. Ele destacou:
“Eu olharia para o impacto no consumidor. Uma empresa pode acabar com poder demais para definir preços? Isso seria negativo para o público.”
O executivo apontou que, com a enorme base global de assinantes da Netflix, adquirir grandes marcas como Warner Bros. e HBO Max poderia dar à companhia uma vantagem difícil de equilibrar no setor.
Iger também mencionou que avaliaria atentamente o impacto sobre o ecossistema criativo e, especialmente, sobre a indústria cinematográfica e as redes de cinema, que segundo ele operam com margens apertadas e dependem de relações estáveis com os estúdios para sobreviver.
Recorde da Disney no cinema

O CEO lembrou que, nos últimos 20 anos, a Disney lançou 33 filmes que ultrapassaram US$ 1 bilhão nas bilheterias, e que preservar a saúde do mercado de cinema é essencial para toda a indústria global.
Ele enfatizou que, apesar de a Disney acompanhar de perto a guerra de ofertas por Hollywood, a empresa desta vez está como mera observadora:
“É bom estar assistindo, e não participando.”
Netflix vs. Paramount: um embate bilionário

O acordo anunciado pela Netflix prevê um pagamento de US$ 82,7 bilhões para assumir a Warner Bros. e o HBO Max. Já a Paramount Skydance, liderada por David Ellison, entrou em modo ofensivo, apresentando uma oferta hostil de US$ 108 bilhões pela companhia inteira.
Iger não comentou diretamente sobre qual movimento considera mais vantajoso para o mercado, mas ao ser questionado se a Netflix se tornaria uma competidora mais poderosa caso o acordo fosse fechado, desconversou:
“Prefiro não dizer mais do que já disse.”
Iger relembra a compra da Fox
O chefe da Disney usou como referência a aquisição dos estúdios da 21st Century Fox, anunciada em 2017 e concluída em 2019 por US$ 71 bilhões. Ele afirmou que aquele negócio ajudou a Disney a se preparar para o avanço do streaming, especialmente na expansão de conteúdo, marcas e talentos.
Com isso, a empresa agora possui 100% do Hulu, após comprar a participação da Comcast em 2025, e planeja integrar o serviço completamente ao Disney+ nos Estados Unidos no próximo ano, algo que já ocorreu no restante do mundo.
Disney e OpenAI fecham acordo inédito, enquanto Google vira alvo
Iger participou da entrevista ao lado do CEO da OpenAI, Sam Altman, celebrando o novo acordo entre as empresas. A Disney vai licenciar mais de 200 personagens para uso no Sora, ferramenta de geração de vídeos curtos da OpenAI, além de investir US$ 1 bilhão na companhia.
O CEO ressaltou que o contrato não inclui direitos de nome, voz ou semelhança dos personagens, garantindo segurança jurídica e criativa.
Em contraste, Iger confirmou que a Disney enviou uma notificação de violação ao Google, acusando a empresa de uso indevido de sua propriedade intelectual em ferramentas de IA. O envio ocorreu após tentativas frustradas de negociação.