A CCXP25 foi marcada por anúncios, trailers e encontros com artistas, mas também uma fala surpreendente. Sara Pichelli, artista italiana responsável pelo visual original de Miles Morales, contou em entrevista que não recebe nenhum royalty pelos bilhões movimentados pelo personagem em filmes, jogos e produtos licenciados.
A declaração aconteceu no sábado, 6 de dezembro, durante uma conversa com o Jamesons. A pergunta era simples: “Você ganha algo com os filmes e jogos do Miles?”
A resposta de Pichelli virou assunto instantâneo entre fãs e profissionais da indústria:
“Quem dera! Nem fala… Eu estaria bilionária.”
“Pois é, mas não ganho nada. E essa é a parte mais triste da minha vida.”
O entrevistador reagiu com um “Cara, inacreditável”, e ela completou: “Eu sei, nem eu acredito”, antes de concordar com a ideia de uma campanha online.
A fala viralizou e reacendeu uma discussão antiga sobre pagamento, crédito e direitos de criadores dentro da Marvel e de outras grandes editoras.
O fenômeno Miles Morales e o lucro que não chega à sua criadora
Criado em 2011 nas páginas de Ultimate Comics: Spider-Man #1, Miles Morales rapidamente extrapolou os quadrinhos e virou um dos personagens mais populares da Marvel no século XXI. Seus números impressionam:
• Mais de US$ 1,5 bilhão arrecadados pelos filmes Homem-Aranha no Aranhaverso (2018) e Além do Aranhaverso (2023)
• Jogos como Marvel’s Spider-Man: Miles Morales vendendo milhões e impulsionando o PS5
• Linhas de brinquedos, roupas, colecionáveis e produtos licenciados no mundo inteiro
Mas nada disso gera participação financeira para Pichelli. Como explicou a artista, ela recebe somente valores relacionados à publicação original, e mesmo assim em quantias simbólicas.
O motivo está no modelo de trabalho da Marvel: work-for-hire, ou seja, trabalho por encomenda. O criador entrega a obra, mas não mantém direitos nem recebe participação nos lucros futuros. É assim desde os anos 60.
Outros artistas já relataram situações parecidas. Ed Brubaker, criador da versão moderna do Soldado Invernal, disse mais de uma vez que ganhou mais com aparições em eventos do que com a bilheteria dos filmes do Capitão América. Jack Kirby, cocriador de boa parte do universo Marvel, também enfrentou disputas por reconhecimento.
Pichelli segue ativa na Marvel, mas cobra mudanças
Mesmo diante da falta de royalties, Sara Pichelli continua trabalhando com a editora e com seu parceiro criativo de longa data, Brian Michael Bendis.
Ela participou de painéis na CCXP25, incluindo um no Palco Blast, e mencionou que está envolvida em projetos ainda não anunciados.
Ainda assim, ela deixou claro que a situação dos criadores precisa mudar: “É insano”, disse, ao comentar a quantidade absurda de licenciamento envolvendo Miles.
Nas redes sociais, muitos fãs iniciaram discussões sobre remuneração justa e pediram reformas na política de contratos da Marvel.
Se essa pressão vai gerar mudança na Marvel, ninguém sabe. Mas, depois da CCXP25, o assunto dificilmente será ignorado.
Miles Morales segue crescendo em popularidade. Agora, os fãs querem ver sua criadora crescendo junto.