
Hoje em dia, é cada vez mais comum ver crianças grudadas nas telas. À mesa do jantar, cada um da família está com o rosto iluminado pelo próprio celular. Em casa, a cena se repete: adultos e crianças espalhados pelos cômodos, deslizando o dedo em um feed sem fim. Os “encontros” entre amigos muitas vezes acontecem dentro de algum jogo online, e não mais no quintal, na rua ou no chão da sala com bonecos e blocos espalhados.
É nesse cenário que Toy Story 5 chega, e, por incrível que pareça, pode ser o filme mais importante de toda a saga.
Muita gente achou que a história dos brinquedos tinha acabado em Toy Story 3, e que a Pixar estava insistindo demais com novas continuações. Mas o quinto filme parece tocar justamente em um ponto essencial dos tempos atuais: o desaparecimento da brincadeira tradicional e a ascensão das telas como “melhores amigos” das crianças.
Quando o primeiro Toy Story estreou em 1995, o cinema e o público foram apresentados a algo totalmente novo. Mas o que conquistou de verdade foi a humanidade dos personagens, a amizade de Woody e Buzz e a nostalgia de brincar.
Agora, três décadas depois, a Pixar se prepara para revisitar esse tema, não mais sobre o medo de ser substituído por outro brinquedo, e sim pelo medo de ser esquecido por completo.
O fim parecia ter chegado em Toy Story 3

A trilogia original terminou de forma redonda. Andy cresceu, se despediu dos brinquedos e os entregou a Bonnie, encerrando um ciclo que fez muita gente chorar no cinema. Parecia um adeus definitivo.
Mesmo assim, a Pixar lançou Toy Story 4 em 2019. O filme teve sucesso, mas boa parte dos fãs achou que a história já tinha se despedido de forma perfeita.
Agora, Toy Story 5 tenta mostrar que ainda há algo a ser dito. E, segundo o diretor Andrew Stanton, o novo capítulo não é sobre repetir o passado, mas sobre entender o presente.
O novo desafio dos brinquedos

No trailer de Toy Story 5, Bonnie ganha um novo presente: um tablet. E é aí que tudo muda.
Woody, Buzz e o restante da turma precisam lidar com um “rival” diferente de todos os outros, algo que não é um brinquedo, mas que ocupa todo o tempo e a imaginação da criança.
Em entrevista à Empire, Stanton explicou que o enredo busca refletir o que está acontecendo no mundo real.
“Não é exatamente sobre uma batalha, mas sobre perceber um problema existencial: ninguém brinca mais com brinquedos. A tecnologia mudou a vida de todo mundo, mas a questão é o que isso significa para nós e para nossos filhos. Não dá pra simplesmente transformar a tecnologia na vilã.”
A era em que brincar virou deslizar a tela

Se antes as crianças passavam horas inventando mundos com bonecos, hoje o tempo é gasto com vídeos curtos, jogos e aplicativos. As brincadeiras migraram para o digital, e o contato direto com o lúdico quase desapareceu.
Stanton disse que quis usar Toy Story 5 para tratar dessa transformação de forma honesta.
“Sempre achei interessante como esse mundo permite abraçar o tempo e a mudança. Não há promessa de que ele vai permanecer congelado.”
A intenção do novo filme é mostrar como Woody, Buzz e os outros brinquedos reagem quando percebem que não foram substituídos por outros bonecos, mas por algo muito mais abstrato: uma tela que oferece tudo, mas que também rouba o tempo, a imaginação e a criatividade das crianças.
O filme mais necessário da franquia
Enquanto muitos pensavam que Toy Story 5 seria apenas mais uma continuação sem propósito, o que se desenha é o oposto.
A nova história parece ser a mais urgente de todas, justamente por falar sobre um tema que afeta quase todas as famílias atualmente: a perda da brincadeira real.
Woody e seus amigos podem acabar sendo o espelho de uma geração que, aos poucos, trocou o brincar por deslizar o dedo no vidro.
Toy Story 5 estreia nos cinemas do Brasil em 18 de junho de 2026, trazendo de volta os personagens mais amados da Pixar para uma discussão que vai muito além dos brinquedos: uma reflexão sobre o que acontece quando a imaginação é substituída pelas telas.