
A nova série Pluribus, criada por Vince Gilligan, o mesmo de Breaking Bad e Better Call Saul, já chegou com o pé na porta. Lançada pela Apple TV, a produção está entre os assuntos mais comentados do momento, com dois episódios no ar e uma recepção impressionante da crítica e do público. No Rotten Tomatoes, a série aparece com 100% de aprovação dos críticos e 86% do público, enquanto no IMDb a nota é 9.0. E no meio de tanta discussão sobre o enredo misterioso, um detalhe curioso acabou chamando atenção dos fãs mais atentos: um easter egg de Outlander no primeiro episódio.
Antes de entrar no tema do vírus que movimenta a trama, Pluribus apresenta um momento inesperado que conecta o universo de Vince Gilligan à famosa saga escrita por Diana Gabaldon. É uma referência discreta, mas impossível de passar batida por quem conhece a história de Claire e Jamie Fraser.
Uma escritora que lembra Diana Gabaldon (mas com outro temperamento)

A personagem Carol Sturka, interpretada por Rhea Seehorn, é uma escritora de romances no estilo Outlander. Ela se tornou famosa com uma série de livros que conquistou um público fiel, embora pareça não ter orgulho nenhum disso. Logo nas primeiras cenas, Carol deixa claro o quanto se sente entediada com o próprio sucesso.
Enquanto ela e sua agente, Helen (Miriam Shor), voltam para o hotel após uma sessão de autógrafos, o motorista pergunta se deveria saber quem é Carol. Sem nem piscar, ela responde: “Depende. Você é fã de bobagens sem sentido?” Essa tirada resume bem o espírito da personagem, que tem um ar cínico e desiludido.
Mas apesar do desprezo que demonstra, Carol ainda dá pequenos sinais de vaidade. No aeroporto, ela indica discretamente para Helen entrar na livraria e ajustar a vitrine de livros. A agente, com a maior naturalidade, reorganiza os exemplares, colocando o novo livro de Carol, As Asas de Wycaro, em destaque na prateleira de cima.
E é nesse momento que o easter egg aparece: entre os livros que Helen rebaixa para as prateleiras inferiores estão dois títulos de Diana Gabaldon: Voyager (O Resgate no Mar, no Brasil) e Go Tell the Bees That I Am Gone (Diga às Abelhas Que Não Estou Mais Aqui).

Essa cena é breve, mas funciona como um aceno direto à saga Outlander, tanto pela semelhança do estilo literário de Carol quanto pela presença física dos livros. É uma referência divertida aos fãs, especialmente porque a própria personagem critica o tipo de romance que a consagrou, justamente o gênero que tornou Gabaldon uma autora de sucesso mundial.
O easter egg antes do caos
Por aparecer logo no início do episódio, antes da parte em que a trama mergulha na questão do vírus, é improvável que o universo de Outlander volte a ser citado mais adiante na série. Ainda assim, foi o suficiente para deixar os espectadores intrigados.
Até o momento, Diana Gabaldon não comentou sobre a aparição dos seus livros em Pluribus. A autora costuma ser bastante ativa nas redes sociais, especialmente no Facebook, e não é difícil imaginar que o assunto ainda vá surgir por lá.
Enquanto isso, o destaque fica mesmo para Rhea Seehorn. A atriz, que brilhou em Better Call Saul, encarna uma protagonista cheia de nuances. Carol é uma mulher que parece cansada de tudo, dos fãs, das entrevistas e até das próprias palavras.
Já Helen funciona como um contraponto mais humano e pragmático. Em um momento no bar, ela tenta confortar a amiga dizendo: “Acho que, se você fizer pelo menos uma pessoa feliz, talvez isso não seja arte, mas é alguma coisa.”
O comentário ganha peso quando lembramos do tema central de Pluribus: a felicidade. O conceito, que parece banal no início, se transforma no fio condutor de uma história sobre um vírus alienígena que infecta a humanidade.
O vírus da felicidade em Pluribus

Pouco depois da sequência do aeroporto, Pluribus muda de tom. O mundo começa a enfrentar um evento sem precedentes: um vírus de origem alienígena que não mata nem transforma as pessoas em zumbis, mas as conecta em uma única consciência coletiva.
De repente, todos os humanos passam a compartilhar pensamentos e emoções, como se formassem uma só mente global. Carol, no entanto, é uma das poucas que não se funde a essa consciência. A transição é instantânea e perturbadora. Em um momento, ela está cercada de pessoas; no outro, todos ao redor falam com a mesma voz, dizendo: “Só queremos te ajudar, Carol.”
Esse cenário apocalíptico, embora pareça sombrio, carrega uma visão mais otimista que a maioria das histórias do gênero. Vince Gilligan já declarou que quis explorar o conceito de “fim do mundo” de um jeito diferente, sem cair nas fórmulas de sempre.
Com isso, Pluribus se distancia bastante de Breaking Bad. Aqui, não há anti-heróis em busca de redenção, mas uma reflexão sobre a humanidade e a perda da individualidade, tudo embalado por um clima de suspense e ficção científica.
Onde assistir Outlander e Pluribus
Para quem quiser revisitar o universo de Outlander, as sete temporadas estão disponíveis no Disney+. A oitava e última temporada deve estrear no início de 2026, embora ainda não haja data confirmada. A série também pode ser vista na Netflix, mas no Brasil há uma janela de exclusividade de um ano para o Disney+, então os novos episódios ficam 12 meses acessíveis somente no streaming do Mickey.
A série derivada Outlander: Blood of My Blood, também exibida no Brasil pelo no Disney+, já está com a segunda temporada em produção e deve chegar no segundo semestre de 2026.
Já Pluribus é exclusiva da Apple TV, com episódios lançados semanalmente. A primeira temporada terá nove episódios, e Vince Gilligan já comentou que planeja ao menos quatro temporadas.
Segundo ele, a ideia inicial de Breaking Bad também era quatro temporadas, mas a série acabou chegando a cinco, o que o criador considerou o número ideal para contar uma boa história.
O fato é que, com um easter egg de Outlander logo no primeiro episódio, Pluribus mostra que não é só a trama misteriosa que está chamando atenção. Até nos detalhes mais sutis, a nova série de Vince Gilligan já deixa claro que está cheia de surpresas.