
Os jovens ainda amam o cinema, mas com preferências bem diferentes das gerações anteriores. Pelo menos é isso que aponta um novo relatório da Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA): o público entre 10 e 24 anos continua valorizando filmes e séries, porém busca mais histórias com as quais possa se identificar.
O levantamento faz parte do estudo anual Teens & Screens, divulgado pelo Center for Scholars & Storytellers da UCLA. As informações foram publicadas pela Variety, que destacou as principais tendências de consumo de mídia entre adolescentes e jovens adultos norte-americanos.
Geração Z quer animações e histórias sobre amizade
Foram entrevistadas 1.500 pessoas de 10 a 24 anos, com uma amostra representativa da diversidade dos Estados Unidos. O resultado mostra uma tendência curiosa: a preferência por animação aumentou.
No ano passado, 42% dos jovens nos Estados Unidos disseram preferir esse tipo de conteúdo; agora, o número subiu para 48,5%. E não são apenas os adolescentes mais novos: quase metade dos jovens entre 19 e 24 anos também opta por animações em vez de produções em live-action.
Quando o assunto é lazer, o cinema ainda ocupa um lugar importante. Para muitos entrevistados, ir ver um filme novo nos cinemas continua sendo a atividade ideal de fim de semana, caso o preço do ingresso não fosse um obstáculo.
Além disso, 53% afirmaram que conversam mais sobre filmes e séries com amigos do que sobre vídeos de redes sociais.
Outro dado interessante é que 57% dos jovens assistem a filmes e séries com mais frequência do que seus pais imaginam, embora o façam de outra forma: quase 80% disseram que costumam ver conteúdos no YouTube ou TikTok, e não necessariamente na TV ou nas salas de cinema.
Romance em baixa, amizade em alta

O estudo mostra uma mudança importante nas histórias que mais atraem esse público. Cerca de 60% dos jovens preferem tramas centradas em amizades, e muitos afirmam querer ver relacionamentos mais saudáveis e reais nas telas. 32% disseram que querem histórias sobre “pessoas com vidas parecidas com as delas”, e não sobre mundos de fantasia ou personagens inalcançáveis.
Além disso, 54% dos entrevistados disseram gostar de histórias que mostram personagens sem interesse em relacionamentos amorosos, e 48% acreditam que há “sexo demais” nas produções atuais. A maioria também demonstrou preferência por romances mais leves, com foco na amizade e na parceria entre o casal, em vez de cenas explícitas.
Essa mudança indica que a Geração Z busca conteúdos mais próximos da realidade, com menos foco em paixões intensas e mais em conexões humanas genuínas.
A lista de produções favoritas reforça esse padrão. Entre as respostas mais citadas estão Stranger Things, Wandinha, Bob Esponja e Homem-Aranha, títulos que apresentam humor, aventura e emoção, mas sem apelar para o excesso de conteúdo adulto.
Durante décadas, Hollywood apostou em filmes adolescentes centrados em sexo e escândalos, de Porky’s nos anos 1980 a American Pie nos anos 1990. Agora, parece que essa fase perdeu espaço. O novo público, segundo o estudo apresentado, quer histórias que representem sua geração de forma mais realista e que falem sobre amizade e autodescoberta.